terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O PT, A PRODUÇÃO DE AUTOMÓVEIS E HADDAD, O "FAIXISTA"

A produção de veículos bateu seu recorde em 2013. Que bom! Isso certamente colaborou, dada a extensa cadeia produtiva do setor, incluindo os serviços, para manter baixo o desemprego, um dos pilares em que se sustenta o governo e um de seus orgulhos. É bem verdade que, em dezembro do ano passado, houve queda de 18,6% sobre novembro e de 12,1% sobre dezembro de 2012. Acendeu a luz amarela, e o governo fará alguma coisa, mais do que tem feito, para retomar os antigos níveis de produção. O recorde de 2013 e os sucessivos anos de bom desempenho se fazem à custa de incentivos. O governo federal estimula, e não o estou censurando por isso, a produção e a venda de automóveis. Como é óbvio, a maioria dos carros destinados ao mercado interno vai para o estado de São Paulo — mais especificamente, para a capital, hoje sob os cuidados do alcaide Fernando Haddad, do PT. Cidadãos não podem ser tratados como ratinhos de cientista amador, que vai testando suas idéias ao sabor do puro empirismo. O partido que, na esfera federal, toma as medidas objetivas para manter aquecido o setor de produção e venda de automóveis — porque parte de sua reputação deriva dos empregos gerados — não pode,  na administração da maior cidade do País, transformar a vida dos donos de automóveis num inferno pior do que já era antes. Sim: refiro-me ao aloprado “faixismo dos ônibus”. Faixas exclusivas, como se sabe, foram criadas onde eram e onde não eram necessárias. Pior: isso se fez acompanhado de um discurso vigarista que pretende opor pobres a ricos — como se, de resto, boa parte dos carros vendidos não estivesse nas mãos da população remediada, já quase nas vizinhanças da pobreza. Mais: o arranca-rabo de classes é pilantragem retórica também porque a indústria automobilística e sua cadeia mantêm o emprego de boa parte dos que andam de ônibus. Não! Não estou aqui a pôr cada um no seu lugar. Estou apenas destacando que a sociedade é um organismo vivo, com interdependências. Daqui a pouco encerram-se as férias escolares, e a cidade de São Paulo volta a seu ritmo normal. O PT precisa definir se quer vender mais carros — e eles fatalmente irão parar em maior número na capital paulista — ou punir os motoristas. Isso não quer dizer que a gestão petista não possa e não deva investir no transporte público. Mas isso pode ser feito sem demonizar os donos de automóveis. Haddad, o faixista, deveria tentar convencer a presidente Dilma a tomar medidas para diminuir a produção e a venda de automóveis, não é mesmo? Ela lhe daria um justificado pé no traseiro, mas, ao menos, ele seria um “faixista” intelectualmente coerente… Por Reinaldo Azevedo

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