terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PT DO RIO DE JANEIRO ENTREGARÁ CARGOS NO GOVERNO DE SÉRGIO CABRAL ATÉ SEXTA-FEIRA

Da Veja - O PT do Rio de Janeiro aprovou, nesta segunda-feira, uma resolução para que os filiados que ocupam cargos de confiança no governo do Estado entreguem suas cartas de demissão até a próxima sexta-feira. Quem não obedecer estará sujeito a sanção administrativa e poderá ser expulso, promete Washington Quaquá, presidente do diretório regional fluminense do PT e prefeito de Maricá. “Queremos evitar a pecha de que pessoas do PT se encostaram no governo. Só tínhamos permanecido por pedido do governador Sérgio Cabral”, disse Quaquá, no início da noite. O desembarque petista marca, enfim, um divórcio que já era esperado, em razão da intenção dos dois partidos de ter candidato próprio ao governo do Estado. Mesmo com a concorrência entre os candidatos, Quaquá declarou que Lindbergh não vai ter um “tom de agressão” contra o governo Cabral e Pezão, do qual o PT fez parte por sete anos. “Vai ter espetada, mas o tom de Lindbergh não vai ser de agressão. Vão ter críticas. Não vamos para festa de criança. Estar fora do governo dá liberdade ao Lindbergh de construir alianças e programa de governo. Pezão é agora nosso adversário”, disse Quaquá. Com a saída dos secretários petistas de governo, Carlos Minc da Secretaria do Ambiente e Zaqueu Teixeira da Assistência Social, o PMDB aproveitou para buscar a adesão de outros partidos para uma aliança que favoreça a candidatura de Pezão. O deputado estadual Pedro Fernandes, filho da vereadora Rosa Fernandes e líder do Solidariedade no Rio de Janeiro, será o secretário de Assistência Social. O objetivo é demover o Solidariedade de lançar a candidatura de Rosa Fernandes ao governo estadual e integrá-lo à coligação. Com o mesmo objetivo, foi convidado Índio da Costa, presidente do PSD no Rio de Janeiro, para ser secretário do Meio Ambiente e desistir de se lançar candidato ao Palácio Guanabara em outubro.
COMENTO
Pois é… O PT vai mesmo cair fora do governo do Estado do Rio de Janeiro. Curioso, não? Faz com Sérgio Cabral, de maneira muitas vezes piorada, o que acusa o PSB de Eduardo Campos de ter feito com o Dilma Rousseff. Assim como os pessebistas eram da base do governo federal e tinham cargos na Esplanada dos Ministérios, os petistas eram na base de Sérgio Cabral e têm cargos no governo do Estado. Mas há, também, algumas diferenças. O rompimento de Eduardo Campos com o governo Dilma se deu em setembro do ano passado. O PT esperou um pouco mais. Sabem como é… Mas essa é a diferença menor. A maior é outra. O PSB não sabotou politicamente o governo Dilma. Todos sabiam da intenção do governador de Pernambuco de se lançar candidato, mas, em nenhum momento, se viu o partido em uma campanha de desestabilização do governo. O PT, obviamente, é de outra natureza, né? Integrou o aluvião que foi às ruas para satanizar o antes adoradíssimo — também pela imprensa carioca — governador do Rio de Janeiro. Até abril do ano passado, Sérgio Cabral era confundido com um homem sem mácula. Sobreviveu até à dancinha do lenço, que foi tomada apenas como campanha de difamação promovida por Anthony Garotinho. Mas aí chegou o famigerado junho. O, digamos assim, establishment de opinião pró-Cabral preferiu aderir à voz das ruas — o calor do povo parece ter levado algumas consciências à flor da pele… E o governador ficou silenciando sozinho. Era “fora Cabral” para todo lado, com grupos mobilizados pela extrema esquerda, por Garotinho e, ora, ora, pelo… PT. O senador Lindbergh Farias (PT) vinha há muito ensaiando a sua candidatura, mas o núcleo duro do PT nunca se mostrou muito sensível. O brizolismo e seus descendentes políticos nunca permitiram que o PT do Rio de Janeiro ganhasse musculatura. Lula sempre usou o partido ali para seus arranjos. A legenda cresceu e ficou mais robusta em razão dos cargos que manteve, ao longo de sete anos, no governo estadual e que mantém na prefeitura. Agora o PT acha que já dá pé. Se a candidatura própria parecia uma realidade distante quando Cabral surfava lá nas alturas, hoje, ele está na areia, e os petistas acham que, então, é hora de dar um chute no ex-aliado. Vai dar certo? Sei lá eu. Pezão, o vice-governador, será candidato pelo PMDB. Garotinho (PR) também vai concorrer. O senador Crivella (PRB) está pensando. E os petistas terão Lindbergh. Os petistas publicaram em sua página no Facebook um texto chamando Eduardo Campos de traidor. Na relação com Cabral, os petistas são o quê? Convenham: quando ainda era o queridinho da imprensa carioca, o homem foi o mais espalhafatoso cabo eleitoral da então candidata Dilma Rousseff. Por Reinaldo Azevedo

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