domingo, 2 de fevereiro de 2014

DILMA NÃO ATINGE META DO SUPERÁVIT E AINDA QUER POUPAR MENOS PARA AUMENTAR A GASTANÇA ELEITORAL, ESSE É UM MAU SINAL PARA OS MERCADOS

O setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais – registrou superávit primário de R$ 91,306 bilhões, em 2013. Esse resultado correspondeu a 1,9% do PIB, o menor nível anual da série histórica do Banco Central, iniciada em 2002. Em 2012, o superávit primário ficou em R$ 104,951 bilhões, o que correspondeu a 2,39% do PIB. Os dados foram divulgados na sexta-feira pelo Banco Central. Originalmente, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) previa meta de superávit primário de 3,1% do PIB para a União, Estados e municípios em 2013. Para 2014, o Banco Central está reduzindo essa “poupança” para 1,4%, para que a gastança eleitoreira possa seguir em curso. Diz Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central: "O cenário não é nada animador. Não adianta somente subir juros. É preciso mostrar que as finanças estão equilibradas e o superavit primário é o indicador mais efetivo". Quando retornou ao Brasil, em 1999, o economista Armínio Fraga voltava para assumir o Banco Central em meio a uma crise cambial que quase quebrou o País. A extrema dependência que o Brasil havia adquirido dos capitais internacionais provocou uma crise de desconfiança que desembocou em uma fuga de capitais. O dólar passou de pouco mais de R$ 1,00 para quase R$ 2,20. Como reação, o governo elevou a taxa de juros para 45% ao ano e o regime de câmbio fixo foi desativado. Armínio Fraga afirma que, nesses momentos em que os países são postos à prova, defender-se só com juros não adianta. Turquia, África do Sul e Índia subiram suas taxas recentemente. O Brasil vem elevando a Selic desde abril. Esses países, mais a Indonésia, são "os cinco frágeis". A desaceleração do crescimento chinês e a recuperação dos Estados Unidos, com a consequente migração de capitais para lá, são o novo compasso mundial. Os tempos de juro zero para induzir o crescimento estão em extinção. Para Armínio, maior controle de gastos pelo governo pode ajudar o Brasil na turbulência. Diz Armínio Fraga, hoje capitão do poderoso Fundo Gavea: "É difícil identificar uma causa específica para a criose brasileira, a não ser que seja um grande evento. Acho que foi especialmente a China, que veio com dados fracos de atividade e aconteceu uma ameaça de default de um produto do "shadow bank" deles, que é um setor enorme lá (é uma parte do setor financeiro, com pouca ou nenhuma regulamentação). Mas, se você olhar bem, as moedas que mais se mexeram --da África do Sul, da Índia e da Turquia-- estão se depreciando ante o dólar desde 2011. O real se mexeu lá atrás, com a crise na Europa, teve uma fase de estabilidade, e a partir de maio de 2013 passou a se desvalorizar mais. Então é um quadro que não começou há 15 dias. Acho que o que está por trás disso é uma combinação de movimentos de curto prazo, concentrados na China, mas que têm como pano de fundo uma tendência de normalização das taxas de juros. Mas há certa fragilidade desses países, que no período de dinheiro barato viram seus deficits em conta-corrente crescendo (saldo negativo nas relações com o Exterior), ao mesmo tempo em que a inflação subia, apesar da longa fase de melhoria das relações de troca (bons preços para suas exportações)".

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