quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

EX-AGENTE PENITENCIÁRIO DO CARANDIRU DIZ QUE VIU 75 MORTOS EM GALERIA ANTES DA ENTRADA DA POLÍCIA MILITAR

O julgamento da terceira etapa do Massacre do Carandiru foi retomado nesta terça-feira e logo suspenso, com a oitiva de duas testemunhas de defesa, o ex-secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, e o agente penitenciário Francisco Carlos Leme, chefe do plantão no dia do massacre, que falou pela primeira vez no tribunal. Leme relatou ter visto cerca de 75 corpos estendidos antes da entrada da Polícia Militar no Pavilhão 9. Segundo ele, cerca de 50 corpos estavam no pátio, “a maioria ferida por arma branca”. De acordo com Leme, a Polícia Militar só ingressou no local depois que ele saiu. “Fui o penúltimo a sair do Pavilhão 9”, disse o agente. Questionado pelo advogado de defesa Celso Vendramini, Francisco Leme contou que ouviu estampidos de armas de baixo calibre nos andares superiores do pavilhão antes da entrada da polícia. Leme disse que era comum encontrar revólveres no presídio, e que ele próprio havia apreendido três armas com presidiários no Carandiru. Naquele dia 2 de outubro de 1992, desde o início da manhã, quando começou seu expediente, Leme disse que notou algo diferente no clima dentro do presídio. De acordo com o agente penitenciário, disputas ligadas ao tráfico de drogas deram início à briga no Pavilhão 9, que terminaram no massacre. “Foi uma briga entre eles presos”, afirmou Leme, lembrando que, um mês antes, avisou a direção do presídio sobre o "clima diferente", mas foi ignorado.

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