terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PETROBRAS ABRE AUDITORIA PARA APURAR DENÚNCIAS DE PROPINA A FUNCIONÁRIOS

A Petrobras abriu auditoria interna para investigar denúncias de pagamento de propina a funcionários e intermediários da estatal por funcionários da empresa holandesa SBM Offshore, a maior fabricante de plataformas marítimas de exploração de petróleo do mundo. Um investigação interna da SBM apontou que servidores da companhia brasileira teriam recebido pelo menos 30 milhões de dólares para favorecer contratos com a holandesa.

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou nesta terça-feira que a auditoria foi aberta na semana passada e terá um prazo de trinta dias para apresentar os primeiros resultados. Nesse período, afirmou Graça, a chefia da estatal não se pronunciará sobre o assunto. Graça falou a jornalistas durante evento de assinatura de parceria entre a Petrobras e a equipe Williams de F-1.
O relatório de denúncia, assinado apenas por FE (ex-funcionário, na sigla em inglês), acusa a SBM de pagar 250 milhões de dólares em propinas a autoridades de governos e de estatais de vários países, incluindo o Brasil. O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de uma “comissão” de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras — 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira.
Uma troca de e-mails entre três diretores da SBM, que faz parte da investigação, traz minutas confidenciais da Petrobras e faz referência a uma reunião com um enge­nheiro-chefe da empresa, José Antônio de Figueiredo, para tratar da renovação do aluguel de uma plataforma de petróleo sem ter de passar por licitação. Figueiredo, funcionário de carreira da Petrobras há 34 anos, trabalhava no departamento de compras internacionais na gestão de José Sergio Gabrielli na presidência da empresa (2005-2012). Em maio de 2012, já sob o comando de Graça Foster, foi promovido a diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais e membro do conselho de administração.
Na segunda-feira a Controladoria-Geral da União (CGU) pediu à Petrobras “informações iniciais” sobre as providências tomadas pela empresa e os contratos firmados com a holandesa SBM Offshore. Depois de destaque na imprensa internacional, o caso chegou ao Brasil na semana passada. “A CGU, diante das notícias a esse respeito na imprensa internacional, já solicitou à Petrobras informações iniciais a respeito de providências eventualmente tomadas pela empresa ou em vias de o serem, bem como sobre quaisquer contratos com a SBM Offshore. Após receber e analisar esses elementos, a CGU decidirá sobre a necessidade, ou não, de outras providências”, diz o órgão em nota.

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