sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ROMBO NAS CONTAS EXTERNAS: POR ENQUANTO, A MELHOR IDÉIA DE MANTEGA É CULPAR DESACELERAÇÃO DA CHINA E RETOMADA DA ECONOMIA AMERICANA

O preço elevado das commodities primárias mascarava os desequilíbrios das contas externas brasileiras, e assim foi por muitos anos. Menos o país estava fazendo a coisa certa do que vivendo do crescimento econômico acelerado de estranhos — refiro-me à China. A crise americana e europeia tornava o país atraente para a entrada de certo capital, que decidiu se mandar.

Muito bem, a balança comercial era que segurava o rombo das contas externas, certo? No ano passado, já não fosse o truque com as plataformas da Petrobras, o Brasil já teria tido um déficit de, no mínimo, US$ 5,5 bilhões. Teria sido o primeiro em 12 anos. Em 2014, é certo como a luz do dia que haverá déficit — a menos que Guido Mantega tenha mais algumas plataformas escondidas no bolso do colete, mas terá de haver muitas… E se terá, então, o primeiro déficit em 13 anos.
Fiquem tranquilos que o governo… Que o governo nada! A turma perdeu a capacidade de ver o que vem pela frente — aliás, nunca teve; nossa sorte eram os outros. “Ah, o Brasil tem reservas a dar com pau…” À diferença dos diamantes, não são eternas. O fato é: hoje, mais saem dólares do que entram — e não é pouca coisa. Por enquanto, o governo Dilma não teve nenhuma ideia melhor do que culpar a desaceleração da China e a retomada do crescimento nos EUA.
Vamos ver o que ela propõe na campanha.
Leiam o que informa a VEJA.com:
Rombo nas contas externas tem novo recorde em janeiro, aponta Banco Central
O Brasil registrou déficit recorde de 11,591 bilhões de dólares nas transações correntes de janeiro, influenciado, sobretudo, pelo fraco desempenho da balança comercial e pelas remessas de lucros e dividendos das empresas — cifra que não foi coberta pelos investimentos estrangeiros diretos (IED). No acumulado em 12 meses encerrados no mês passado, o rombo nas contas externas do país ficou em 3,67% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta sexta-feira. Economistas já previam elevado saldo negativo — de 11,7 bilhões de dólares. O déficit registrado no mês passado está levemente acima do apurado em janeiro de 2013, que foi de 11,3 bilhões de dólares.
O BC informou ainda que os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no país somaram 5,098 bilhões de dólares no mês passado, melhor do que o esperado – de 4 bilhões de dólares -, mas insuficientes para cobrir integralmente o saldo negativo do mês.
O déficit nas transações correntes, que abrangem a importação e a exportação de bens e serviços e as transações unilaterais do Brasil com o exterior, foi impactado pelo déficit recorde de 4,058 bilhões de dólares na balança comercial em janeiro.
O BC informou ainda que as remessas de lucros e dividendos somaram 2,499 bilhões de dólares em janeiro, ante 2,068 bilhões em igual mês do ano passado. Pesaram também os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens, que somaram 1,478 bilhão de dólares, ante 1,603 bilhão de dólares em igual mês do ano passado.
A trajetória das contas externas do país tem se deteriorado de maneira mais intensa desde meados de 2013. Esse fator, aliado à inflação e à deterioração fiscal, constitui a principal razão para a crescente desconfiança do investidor externo em relação ao Brasil. Analisando, sobretudo, as contas externas dos países emergentes, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgou um relatório há algumas semanas apontando quais países estavam em situação mais vulnerável em relação a possíveis turbulências causadas pela retirada dos estímulos. O Brasil foi citado pelo Fed como um dos mais vulneráveis.
Apesar da saída de capital registrada nos últimos meses (em 2013, o fluxo cambial ficou negativo em 12,261 bilhões de dólares), o BC verifica uma leve retomada da entrada de moeda estrangeira no país. Segundo relatório parcial do fluxo cambial de fevereiro, o BC informa que a entrada de dólares superou a saída em 318 milhões de dólares na primeira quinzena do mês. Os ingressos se deram, diz o BC, pela chamada conta financeira, que registra a entrada de investimentos estrangeiros diretos no país. Por Reinaldo Azevedo

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