quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

TESTEMUNHA CONFIRMA QUE O BLACK BLOC ACUSADO DE MATAR O CINEGRAFISTA SANTIAGO ANDRADE CONFESSOU O CRIME

Uma testemunha, cujo nome não foi revelado, informou à polícia que, no dia 6, dia da manifestação no centro do Rio de Janeiro, recebeu uma ligação do black bloc Caio Silva de Souza, acusado pelo assassinato cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade. O delegado Maurício Luciano, responsável pelo inquérito sobre a morte do cinegrafista, disse que, ao telefone, o black bloc Caio confessou que havia cometido uma besteira e que tinha matado um homem. Segundo o delegado, a declaração foi dada informalmente no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, onde o black bloc Caio trabalhava como auxiliar de serviços gerais. Mauricio Luciano foi até o local na tentativa de localizar o suspeito da morte do cinegrafista, após ter sido expedido o mandado de prisão contra ele. A testemunha é um colega do black bloc Caio no hospital. “Eu fui ao hospital no dia do mandado de prisão para cumprir, e a gente procurou ouvir as pessoas próximas a Caio. Uma delas, com quem ele tinha contato constante, nos revelou isso: a ligação dele, que estava ofegante, por volta das 19h30, no dia do fato, afirmando ter feito uma besteira e que tinha matado um homem”, revelou, acrescentando que, por isso, a testemunha foi convocada a prestar depoimento formal à polícia, quando confirmou a informação, que será incluída no inquérito que vai apontar crime de homicídio com dolo eventual. O delegado ficou satisfeito em saber que a promotora Cláudia Condack, que pretende denunciar até o final da próxima semana os dois suspeitos de ter lançado o rojão contra o cinegrafista, concorda que seja esta a caracterização do crime, conforme ela tinha revelado na quarta-feira. “Fiquei muito satisfeito. É na mesma linha”, disse. Para Maurício Luciano, as investigações chegaram a provas “robustas”. Na avaliação dele, o fato de o black bloc Caio ter dito que foi incentivado pelo também black bloc Fábio Raposo (o tatuador que confessou ter participado do crime) a deflagrar o rojão não muda a direção do relatório do inquérito que será entregue nesta sexta-feira ao Ministério Público. “Ele dizer que era um sinalizador. É claro que ele vai alegar tudo para não assumir que sabia que aquilo era um rojão. Todos eles usam constantemente em manifestações o chamado rojão treme-terra ou rojão de vara. Então, ele dizer que é sinalizador, que o outro que acendeu, que não sabia do poder de destruição. Com tudo isso ele está se defendendo. Ele vai exercer isso em juízo. O advogado vai orientar a ele dizer. O que temos aqui são provas robustas, com materialidade, testemunhas que indicam a intenção dele e autoria do crime. Temos a autoria e a materialidade”, esclareceu. Maurício Luciano destacou que quem presta auxílio material é partícipe e quem deflagra é autor, mas ambos vão receber a mesma pena. “O que a gente sabe é que eles agiram em conjunto”, contou. O delegado disse que não viu nenhuma imagem em que Caio apareça segurando o rojão, mas isso pode ser uma estratégia dos manifestantes. “Quem detona não porta, quem porta não detona, para evitar que a pessoa fique incumbida de todos os atos durante uma manifestação. É uma divisão de tarefas”, explicou. Depois de chegar na quarta-feira à Cadeia Pública, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, onde está preso, Caio prestou depoimento ao delegado Fábio Pacífico. “Foi tomado depoimento porque ele demonstrou interesse em ser ouvido. A gente não sabia o que ele ia falar. Ele falou tudo que quis falar de maneira tranquila. Agora tenho que extrair para o inquérito o que interessa para esta investigação”, disse Maurício Luciano.

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