sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

UM DOS ASSASSINOS DO CINEGRAFISTA SANTIAGO ANDRADE CONFIRMA A EXISTÊNCIA DE GRUPOS QUE FINANCIAM A VIOLÊNCIA; O PETISTA JOSÉ EDUARDO CARDOZO DIZ QUE VAI INVESTIGAR. ENTÃO TÁ!

Caio Silva de Souza, um dos dois rapazes que acenderam o morteiro que matou o cinegrafista Santiago Andrade, prestou depoimento à polícia no complexo penitenciário de Bangu. Ele repetiu acusações feitas por seu advogado em entrevista concedida à rádio Jovem Pan na manhã de quarta-feira: afirmou que há, sim, grupos que financiam os protestos violentos e disse acreditar que o dinheiro tenha origem nos partidos que comparecem aos atos com bandeiras — citou o PSOL, o PSTU e a FIP (Frente Independente Popular), seja lá o que isso signifique. Nesse depoimento, mudou versão anterior e disse que quem acendeu o morteiro foi Fábio Raposo, o outro jovem que está preso. Ele próprio teria apenas segurado o artefato. Afirmou ainda que direcionou o morteiro contra os policiais — o que não condiz com a linha seguida por Jonas Tadeu Nunes, o advogado de defesa, segundo quem os dois rapazes não queriam ferir ninguém, mas apenas fazer barulho. O advogado, aliás, disse que vai pedir a nulidade do inquérito ou abandonar o caso se esse depoimento for anexado aos autos, já que foi colhido sem a sua presença. Convenham: é mesmo um erro primário da polícia. Pra quê? Muito bem! Na quinta-feira, reportagem de Gabriel Castro e Pâmela Oliveira, na VEJA.com, trouxe à luz uma planilha de pessoas que fizeram doações para uma das atividades promovidas pelos black blocs. Lá estão dois vereadores do PSOL, um delegado e até um juiz — este nega a doação, embora tenha participado de um vídeo que convocava protestos, no qual uma atriz faz a defesa aberta da violência praticada pelos black blocs. Agora que a coisa esquentou, ninguém quer dar a cara ao tapa. Lembro o que disse na quarta-feira o advogado Jonas Tadeu na entrevista à Jovem Pan:
“Ajuda financeira para o “terrorismo social”
“Esses jovens… Esse Caio, por exemplo, é miserável. Esses jovens são aliciados por grupos. Eles recebem até uma espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar dessas manifestações, com o intuito de terrorismo social”.
Pobre aliciados
“São jovens de preferência revoltados, que têm uma certa ideologia, pobres, são aliciados para participar das manifestações. São jovens que não têm dinheiro para comprar máscaras, não tem dinheiro para comprar fogos…”
Por trás, vereadores e deputados estaduais
“Isso cabe a vocês da imprensa [apurar]. Vocês, da imprensa, são os olhos e os ouvidos da sociedade. A prisão desse rapaz não deveria encerrar essa desgraça que houve com a família do Santiago, a desgraça que está havendo com a família desses dois jovens. Vocês deveriam investigar isso: investigar vereadores em Câmaras Municipais, investigar deputados estaduais…
Diretórios de partidos
“Sim, são agrupamentos, movimentos… Tem até diretórios [de partidos políticos], segundo informações que eu tenho… Eu não posso divulgar porque tenho que preservar vidas… É papel da imprensa, da Polícia Federal, investigar diretórios regionais de partidos, investigar esses movimentos sociais, que aliciam esses jovens, que patrocinam, que fomentam financeiramente essas manifestações.”
Cardozo promete reagir. É mesmo?
O ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, prometeu “investigar a fundo” o eventual financiamento da violência. É mesmo? É ver para crer. Leio na Folha uma de suas afirmações sempre muito pomposas: “Temos de investigar a fundo. Se há pessoas que financiam atos de vandalismo e prática de crimes, têm de ser punidas. Não só quem pratica, mas quem os financia, incentiva e articula tem de ser punido, não importa quem seja”.
Pois é. Já escrevi a respeito. Eu me dou o direito de duvidar. A razão é simples. Esse é o método historicamente empregado pelo PT. A relação que o partido mantém com os ditos movimentos sociais não é muito diferente disso. Nos Estados e cidades em que é oposição, a legenda também incentiva a “tigrada” a partir para cima dos adversários. Sabem o que vai acontecer? Nada! Por Reinaldo Azevedo

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