domingo, 9 de fevereiro de 2014

VIZINHOS DIZEM QUE O BANDIDO PETISTA MENSALEIRO HENRIQUE PIZZOLATO ESTÁ "HÁ MESES" NO NORTE DA ITÁLIA

Vizinhos da casa onde o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, o bandido petista mensaleiro Henrique Pizzolato, se escondeu em Maranello, no norte da Itália, afirmam que o condenado a doze anos e sete meses de cadeia estava na cidade havia meses e saía diariamente de casa. A versão contradiz a informação prestada nesta quinta-feira pela polícia de Módena, segundo quem Pizzolato estaria na cidade há apenas uma semana. Conforme a polícia local, ele não saía de casa e mantinha todas as janelas fechadas durante o dia. Os policiais disseram que encontraram grande quantidade de comida estocada ao entrarem na residência na quarta-feira durante a prisão do mensaleiro. "Era como se ele estivesse se preparando para ficar vários dias sem sair de casa", contou Stefano Savo, comandante da polícia de Módena. O brasileiro ocupava um dos quartos do apartamento do sobrinho Fernando Grando, na via Vandelli, em um sobrado de dois andares no número 167, cujo valor de aluguel não chega a 800 euros por mês. O local é um dos cruzamentos mais movimentados da pequena cidade, rodeado por lojas, restaurantes e supermercados. Grando é engenheiro da Ferrari, montadora que tem sede em Maranello. No período em que passou na pequena cidade de Maranello, Pizzolato adotou um estilo discreto, mas não recluso, segundo vizinhos. Todos os dias, exatamente no mesmo horário, deixava a casa do sobrinho, cruzava a rua e entrava em um mercado para comprar comida. Costumava caminhar pelas ruas da região central relativamente tranquilo. Eles dizem que Pizzolato agia de maneira cordial, costumava cumprimentar a todos que encontrava, e que não despertava suspeita na vizinhança. Maranello lembra uma típica cidadezinha do interior, são apenas 17.000 habitantes, e qualquer novo morador é notado e comentado. Para a cabeleireira Giorgia Vitali, que tem um salão colado à casa do sobrinho de Pizzolato, o brasileiro já estava na cidade "antes do Natal". "Parecia ser uma pessoa gentil", contou. "Ele saudava e eu saudava de volta. A última vez que o vi faz já algumas semanas", disse Giorgia. O proprietário do mercado Sigma, que fica na calçada oposta ao esconderijo de Pizzolato e era frequentado pelo mensaleiro inclusive aos domingos, contou que o reconheceu quando viu a foto de Pizzolato no jornal. "Logo entendi quem era a pessoa", disse o empresário Gaetano. "Ele vinha todos os dias pela manhã, por volta das dez horas. Comprava pasta, lasanha congelada, cerveja e pagava tudo em dinheiro. Agora que entendi que ele é um homem perigoso. Pessoalmente, parecia alguém muito distinto, muito sério e que falava pouco".
Moradores também disseram que se assustaram com a operação da polícia no local, na manhã da quarta-feira. "Eu achava que isso só ocorria em filmes", disse Giordana Richieri. Ela também afirma que via Pizzolato "com frequência" andando pelas ruas. Agentes da polícia italiana à paisana já ocupavam todo o bairro onde estava a casa de Pizzolato e haviam montado uma arapuca. Para forçar que as janelas fossem abertas e terem certeza de que era o brasileiro que estava dentro da casa, os policiais optaram por uma ação drástica: cortar a energia. A mulher do foragido, a arquiteta Andréa Eunice Haas, foi então obrigada a abrir a janela, o que permitiu que a operação fosse levada a cabo. Nos minutos seguintes, a rua da pacata cidade veria uma ação de cerca de dez policiais para capturar o brasileiro, que chegou a insistir que ele era, na verdade, Celso – seu irmão morto há 36 anos cuja identidade foi usada na fuga. "Todos os elementos que encontramos apontam que ele planejou muito bem a fuga e que isso foi algo organizado há muito tempo", disse Stefano Savo, comandante da polícia local. Além de dezenas de documentos, dois computadores foram apreendidos. Pizzolato não resistiu à prisão e saiu da casa sem ser algemado.

Nenhum comentário: