quinta-feira, 6 de março de 2014

MENINO DE OITO ANOS MORRE SOB ESPANCAMENTO DO PAI, QUE QUERIA VÊ-LO "MAIS MÁSCULO"

Um menino de oito anos foi espancado pelo pai Alex André Moraes Soeiro, de 34 anos, até a morte, na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O motivo: o menino não queria cortar o cabelo para ir à escola. Em depoimento, o pai afirmou que batia frequentemente no filho Alex, justificando que o menino era muito desobediente. A agressão fatal aconteceu no dia 17 de fevereiro. Após duas horas de espancamento, Alex foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vila Kennedy já morto e com hematomas por todo o corpo. A equipe médica desconfiou de violência doméstica e enviou o caso para o Conselho Tutelar de Bangu. No Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, os peritos constataram que ele morreu por hemorragia interna - de tanto apanhar teve o fígado perfurado. Ele também tinha sinais de desnutrição. Alex morava com a mãe Digna Medeiros, de 29 anos, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. No início de 2013, a mãe foi ameaçada pelo Conselho Tutelar local de perder a guarda do filho por não levá-lo para a escola. Digna, que não trabalha e sobrevive com dois salários mínimos dados pelo avô de Alex, mandou o filho para morar com o pai no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, Soeiro, que já cumpriu pena por tráfico de drogas e está desempregado, morava com a mulher, Gisele Soares, e outras cinco crianças, em uma casa de três cômodos em uma área disputada por três facções rivais. André afirmou ao delegado Rui Barbosa, da 34ª Delegacia de Polícia, em Bangu, Zona Oeste, que as surras eram "corretivos" para ensinar o filho "a andar como homem". Para o pai, Alex, que gostava de lavar louça e de dança do ventre, era "afeminado". Soeiro contou que o menino não chorava enquanto apanhava e, por isso, batia mais, por achar que "a lição não estava sendo suficiente". Em maio de 2013, quando foi morar com o pai no Rio de Janeiro, Alex foi matriculado na escola municipal Coronel José Gomes Moreira, na Vila Kennedy. O menino tinha bom desempenho, sempre com notas acima de 80 nos três bimestres em que ficou na unidade. No início deste ano, Soeiro foi até a escola pedir a documentação escolar do filho que, segundo ele, voltaria para Mossoró. O pai foi preso na noite de 18 de fevereiro, em cumprimento de um mandado de prisão temporária, expedido pela juíza Nathalia Magluta, e depois encaminhado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Ele foi indiciado por homicídio.

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