terça-feira, 29 de abril de 2014

BRASIL OCUPA PÉSSIMA POSIÇÃO MUNDIAL NO RANKING DE LIBERDADE ECONÔMICA

No ranking de liberdade econômica da Heritage Foundation, o Brasil aparece no 114º lugar entre os 178 países analisados. O resultado brasileiro é pior do que o de países como Tanzânia, Camboja e Honduras. O Paraguai, por exemplo, está 34 posições acima do Brasil. A Colômbia, que há dez anos estava em pior situação do que a brasileira, agora é a 33ª colocada. Na categoria que mede a qualidade dos gastos governamentais, o Brasil ocupa a lamentável 131ª posição. O ranking avalia políticas fiscais, segurança jurídica e eficiência regulatória dos países. Uma das explicações para o desempenho pífio do Brasil no ranking está no fato de as lideranças que protagonizaram o cenário político nas últimas décadas no Brasil terem em comum o desprezo pela liberdade econômica e a crença no planejamento estatal da economia como a única saída possível para o desenvolvimento. A pobreza de idéias na esfera política se traduz na falta de soluções adequadas. Indício disso são os debates redundantes entre governistas e oposicionistas que se limitam a acusar uns os outros de serem maus gestores, ou de aplicarem métodos inadequados de planejamento econômico. Para Marcelo Rebelo de Sousa, professor da Universidade de Lisboa, a nossa herança portuguesa é responsável pela obsessão nacional por deixar os rumos do País nas mãos da burocracia, sem levar em conta as idéias sustentadas pelo povo. “Portugal é a burocracia por excelência. E o Brasil saiu um dependente na burocracia, no Estado pesado, no formalismo, na perda de tempo”, afirma ele. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central brasileiro, acredita que a influência portuguesa já não pode ser apontada como responsável por nossas mazelas: "Os portugueses são inocentes nessa história. Nós transformamos o patrimonialismo numa coisa diferente, talvez mais odiosa do que existe em Portugal. É nossa responsabilidade desfazer isso". Para John Bruton, o primeiro ministro que aplicou o receituário liberal para promover o salto econômico da Irlanda – católica – na década de 1990, a matriz religiosa do Brasil não é um obstáculo real ao desenvolvimento de uma economia mais dinâmica: "Existe total compatibilidade entre o catolicismo e um livre mercado que permite às pessoas ganhar o máximo de dinheiro que possível, desde que haja um senso de responsabilidade pessoal e um Estado capaz de garantir oportunidades aos mais pobres". Segundo Franco, há uma ironia patente nesta discussão: a lógica centralizadora e estatista dificilmente pode ser invertida sem uma ação efetiva do Estado: "É muito romântico imaginar que vai ser só de baixo para cima”. Mas, na visão dele, a força dos mercados pode ter um efeito benéfico: “De algum jeito, as realidades da globalização impelem os governos a se adaptarem". Marcelo Rebelo de Sousa tem uma visão diferente: para ele, o protagonismo é do eleitor: "O governo nunca muda se não é forçado a mudar. E político só muda de política quando sente que perde voto. É preciso haver debate e novas idéias por parte da sociedade".

Nenhum comentário: