sexta-feira, 25 de abril de 2014

JUSTIÇA NEGA LIBERDADE AOS TERRORISTAS BLACK BLOCS ACUSADOS PELA MORTE DO CINEGRAFISTA DA REDE BANDEIRANTES

A Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido de relaxamento de prisão dos dois acusados de matar o cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, durante manifestação no centro da capital, em 6 de fevereiro. Os advogados de Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza argumentaram, durante a primeira audiência de instrução, no Tribunal de Justiça, que não havia motivo para manter os réus presos até o julgamento. De acordo com o juiz Murilo Kieling, no entanto, nenhum fato narrado durante a audiência alterou a situação da dupla que deverá ser mantida na prisão. Parentes e amigos dos acusados, terroristas black blocs, vaiaram o magistrado ao saberem do indeferimento do pedido. Os acusados, que respondem pelos crimes de explosão e homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, impossibilidade de defesa e com uso de material explosivo), chegaram ao Tribunal de Justiça no início da tarde. Com uniforme da Secretaria de Administração Penitenciária e algemas, Raposo e Souza não demonstraram qualquer reação no momento em que o magistrado negou o pedido de revogação da prisão. “Não há dolo. Eles não tiveram a intensão de matar. O que existe é um fervor acusatório”, disse o advogado Walace Martins. De acordo com a promotoria, no entanto, a dupla assumiu o risco de matar quando lançou o rojão. “Caio e Fábio assumiram o risco quando deflagraram o rojão que atingiu o trabalhador, que estava de costas e que não foi avisado que o artefato havia sido lançado. O que o Ministério Público pretende é que o caso vá para o Tribunal do Júri”, afirmou a promotora Isabela Pena Lucas. “Estou convicta das provas que foram produzidas e da participação da dupla na morte do cinegrafista”, disse a promotora, que se manifestou contra a revogação da prisão preventiva. Das 17 testemunhas convocadas para prestar depoimento na tarde desta sexta-feira, quatro foram ouvidas. Os delegados Maurício Luciano Almeida, titular da 17ª DP (São Cristóvão), e o adjunto Fábio Pacífico relataram como foi realizada a investigação do caso. Almeida chegou a traçar um perfil dos acusados e afirmou que Fábio seria “a cabeça pensante” e Caio, “a força bruta, o homem de ponta”. Os outros dois ouvidos foram o administrador Carlos Henrique Omena da Silva, que trabalhava com Caio da Silva de Souza no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, e o tenente do Batalhão de Choque, Luis Alexandre de Oliveira, o primeiro policial a se aproximar de Santiago depois que ele foi atingido. “Quando ele caiu no chão, manifestantes foram se aproximando e agindo como se eu tivesse lançado o rojão que o atingiu. Precisei pedir reforço para poder socorrê-lo, porque os manifestantes estavam dificultando o trabalho”, disse o tenente. Em diversos momentos do depoimento do policial, amigos da dupla riram de forma debochada do que o policial narrava. Por mais de uma vez, o juiz pediu que a platéia não se manifestasse e chegou a dizer que todos seriam retirados do local. Um integrante do grupo Mídia Ninja, que transmitia a audiência ao vivo – o que é proibido pelo Tribunal de Justiça – foi repreendido e retirado da platéia por seguranças do Tribunal de Justiça.

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