sexta-feira, 11 de abril de 2014

JUSTIÇA ORDENA, E POLÍCIA FEDERAL CUMPRE MANDADO DE BUSCA NA PRESIDÊNCIA DA PETROBRAS

A nova rodada de apreensões da Polícia Federal na Operação Lava-Jato tem como alvo contratos supostamente intermediados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Policiais recolheram na manhã desta sexta-feira documentos na sede da estatal, no Centro do Rio de Janeiro, e em uma unidade da empresa em Macaé (RJ). Os agentes estiveram no gabinete da presidência, mas não há informações sobre o recolhimento de material. Ao todo foram cumpridos 23 mandados – dois de prisão, seis de condução coercitiva e quinze de busca e apreensão.

Além dos desdobramentos criminais da investigação, a entrada da Polícia Federal no coração da estatal petrolífera é simbólica em um momento que a empresa enfrenta a pior crise em décadas. Na quinta-feira, a presidente da Petrobras, Graça Foster, combinou com a base do governo no Senado que comparecerá à audiência, na próxima terça-feira, para falar sobre a crise. Politicamente, é uma tentativa do governo de esvaziar a CPI criada para investigar a empresa no Congresso.
A Polícia Federal suspeita que Paulo Roberto Costa, atualmente preso em Curitiba (PR), tenha recebido propina para favorecer fornecedores e prestadores de serviço. A Polícia Federal detectou trocas de e-mails de Costa com empresários que prestam serviços para a estatal. Num dos casos, a Ecoglobal, administrada por Vladimir Silveira e pela filha Clara, fechou contrato de 500 milhões de reais com a Petrobras em meados de 2013. Os investigadores suspeitam de um detalhe em particular, identificado nas trocas de mensagens: antes de começar a prestar os serviços, os empresários da Ecoglobal já mencionavam a possibilidade de conseguir um aditivo de até 15% sobre o valor do contrato.
As residências dos sócios da Ecoglobal foram alvos de mandado de busca e apreensão. Vladimir Magalhães da Silveira e Clara tiveram de prestar depoimento na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro porque foram expedidos contra eles mandados de “condução coercitiva”. Foi detectado que a Ecoglobal negociou com outras empresas a venda de uma participação societária. E há indícios de que a conclusão desses negócios dependia da obtenção de aditivos.
A empresa foi contratada pela Petrobras duas vezes: em abril de 2009, fechou um contrato de 9,5 milhões de reais para serviços de recuperação de efluentes; em janeiro de 2010, fechou negócio de tratamento e descarte de água oleosa, por 4,8 milhões de reais. Além do empresário, um casal que teria relações com o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa também foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento nesta sexta-feira.
A Superintendência da Polícia Federal no Paraná, base da operação, informou que o objetivo é buscar documentos que auxiliem os trabalhos da investigação. “O material arrecadado hoje contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento”, diz a nota da Polícia Federal.
A Operação Lava-Jato foi deflagrada no dia 17 de março deste ano para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo quatro doleiros, que movimentaram mais de 10 bilhões de reais. A operação prendeu o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. O cabeça do esquema era o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba (PR).

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