quinta-feira, 17 de abril de 2014

JUSTIFICATIVAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO GAÚCHO QUE EXPLICAM, MAS NÃO JUSTIFICAM ABSOLUTAMENTE NADA NO CASO DA MORTE DO MENINO BERNARDO BOLDRINI

"Nosso dia a dia é violência, abuso sexual, drogadição. Não é comum a queixa de desamor e desatenção. É um caso que está na linha do excepcional, que ninguém poderia supor que acabaria em morte. Avaliamos que todas as decisões da promotora (Dinamárcia de Oliveira) e do juiz (Fernando Vieira dos Santos) foram adequadas às informações conhecidas", disse o subprocurador-geral para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles, defendendo a inútil intervenção, limitada, do Ministério Público do Rio Grande do Sul, no caso da morte do menino Bernardo Boldrini, que procurou ajuda e encontrou a morte. É evidente que o subprocurador-geral Marcelo Dornelles tem uma visão estereotipada da "violência", e o resumo disso é "preconceito". Preconceito oficial, formal. Parece que "violência" só é produzida pela abuso sexual, pela drogadição. Que espanto..... Os promotores e procuradores perderam a sensibilidade. Eles, que passam o dia inteiro lidando com a palavra, redigindo petições, escrevendo tratados, defendendo teses, perderam o domínio da palavra. Não sabem mais o sentido da palavra. Não sabem mais que a grande violência, a verdadeira violência, é feita, antes de mais nada, de silêncio, de ausência de palavras de um pai para seu filho, ou do excesso das palavras de uma madrasta má para seu enteado. Eles não sabem, mais, que a arma mais violenta que existe é a palavra, a mais cortante, a mais perfurante. E também não sabem mais que o "silêncio", esta outra forma de "palavra", é também extremamente violento. Eles só vêem a violência estereotipada, eles estão tomados pelo preconceito, incapazes mais de se perceberem na sociedade atual. Os promotores, até algumas décadas atrás, eram homens do povo, confundiam-se com o povo, tinham os mesmos sentimentos do povo. Hoje, vêem o povo de cima, de uma outra plataforma, eles estão nos gramados dos campos de golfe, nas carrières do hipismo, no grand monde da alta burguesia. Dai o domínio da estereotipização na apreensão de mundo deles. Agora estão levando o devido choque no caso Bernardo Boldrini, mas não creio que será suficiente para uma guinada efetiva na vida deles.

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