segunda-feira, 28 de abril de 2014

PRÁTICA PETISTA DE EXPORTAR NEGROS HAITIANOS CRIA CHOQUE ENTRE OS COMPANHEIROS TIÃO VIANA E FERNANDO HADDAD

O caso dos imigrantes haitianos produziu uma "saia justa" do petismo consigo mesmo. O governador petista do Acre, Tião Viana, telefonou para o prefeito de São Paulo, seu correligionário Fernando Haddad. Estava irritado com as críticas de Rogério Sottili, secretário de Direitos Humanos da prefeitura, contra o envio de imigrantes haitianos do Acre para a capital paulista. Cobrou explicação. Ecoando ataques de uma secretária do govarnador tucano Geraldo Alckmin, Eloisa de Souza Arruda (Justiça e Defesa da Cidadania), que chamara Tião Viana de “irresponsável” e o comparara a um “coiote”, Sotilli declarou nesta segunda-feira: “Nós não fomos avisados dos haitianos que vão chegar do Acre. Não é possível tratar os imigrantes como despejados". Na conversa telefônica com Viana, Haddad classificou o comentário do assessor de “uma manifestação infeliz”. Disse que determinaria a Sotilli que ligasse para se explicar. De fato, Sotilli tocou o telefone para Viana pouco antes das 17 horas. Reconheceu que o vocábulo “despejados” foi inadequado. Comprometeu-se a divulgar uma nota de esclarecimento. Sotilli disse a Viana que a cidade de São Paulo “está no limite”. Rogou ao governador do Acre que analise a possibilidade de “reduzir o fluxo de haitianos”. E Viana: “Como ficamos nós? Nosso problema já é maior do que o de vocês há três anos e meio!” Uma expressão usada por Viana dá ideia do tamanho do enrosco: “O cachorro está mordendo o próprio rabo”. O governador disse ao secretário de Haddad que São Paulo nem é o destino preferido dos haitianos. De cada 50, cerca de 15 manifestam o desejo de se deslocar para a capital paulista. Os demais vão para outros Estados, sobretudo os três da região Sul: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Viana repetiu dados que mencionara em entrevista veiculada aqui no final de semana: pivôs da crise, os 400 haitianos que chegaram a São Paulo nos últimos 20 dias eram parte de um grupo maior, de cerca de 2 mil. Quer dizer: 1,6 mil imigrantes foram para outras localidades. O problema é que pelo menos dois ônibus partem do Acre diariamente levando imigrantes que entram no Estado pela fronteira com o Peru, depois de passar pelo Equador. Viana disse que tentará manter a prefeitura informada, para que Sottili se prepare para o movimento diário. Mas alertou para o agravamento da encrenca. “O fluxo está aumentando a cada dia. Antes, tínhamos os haitianos. Vieram os dominicanos. Agora, chega gente da África toda". O secretário de Haddad disse a Viana que tentaria intermediar, em nome da prefeitura de São Paulo, uma reunião em Brasília, com a presença de representantes do Acre e de todos os ministérios que têm relação com o tema. Entre eles Relações Exteriores, Justiça, Desenvolvimento Social e Trabalho. No domingo, o governador tucano Geraldo Alckmin dissera que sua secretária de Justiça trabalharia “junto com o governo federal para que a gente possa ter um trabalho articulado, humanitário, e ao mesmo tempo eficiente'. Devagarinho, os personagens da crise vão se dando conta de que falta um personagem nesse debate: a União. Os haitianos chegam às centenas porque o governo federal decidiu acolhê-los. Entregam suas últimas economias a coiotes e desembarcam no Acre. Entram por ali porque Viana dá-lhes abrigo e comida, facilidades que não encontraram no Amazonas e no Mato Grosso do Sul. Descem rumo ao Sudeste e ao Sul porque querem emprego e um teto para trazer o resto da família. Contra esse pano de fundo, criou-se no Acre algo que Tião Viana chama de “rota internacional de imigração ilegal”. E Brasília finge que não é com ela. (Josias de Souza)

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