quinta-feira, 8 de maio de 2014

MINISTÉRIO PÚBLICO GAÚCHO ANALISA PEDIDO PARA REINVESTIGAÇÃO DA MORTE DA MÃE DO MENINO BERNANDO BOLDRINI

Convencido de que Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo Uglione Boldrini, não cometeu suicídio, o advogado da família, Marlon Taborda, entrou com um pedido na última quarta-feira, na Justiça de Três Passos, de reabertura da investigação da morte de Odilaine, ocorrida em fevereiro de 2010. Taborda elencou 17 suspeitas sobre o suposto suicídio. Ele acredita que o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, à época marido de Odilaine, tem envolvimento. O advogado entende, por exemplo, que há divergências entre os laudos periciais e os relatórios dos atendimentos ambulatoriais de pronto socorro e UTI, e diz que faltou ao inquérito a tomografia computadorizada e o exame de raio-X do crânio da vítima: " Os relatórios apresentam referências de perfuração de projétil de arma de fogo no lado direito, um deles na região temporal direita e o outro no cônduto auditivo direito. O laudo do DML refere perfuração no palato esquerdo, de baixo para cima, na direção esquerda do crânio. Além disso, o laudo residuográfico de pólvora refere que Odilaine teria resíduo de pólvora e chumbo na mão esquerda, mas ela era destra. No movimento técnico que consta no DML, com a mão esquerda não é possível que uma pessoa perfure o palato esquerdo, para a esquerda", argumenta o advogado, que não entende "tamanha divergência de localização e identificação da lesão". Outra alegação de Taborda na petição, que já chegou às mãos da promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira, em Três Passos, é que a mãe de Bernardo tinha lesões no antebraço direito e no lábio inferior, o que demonstraria que ela foi agredida ou forçada antes de morrer, e Leandro apresentou lesões na mão, sem saber informar como se machucou: "Tal referência indica que, no lábio da vítima tinha uma equimose escurecida (que não fuligem), e, ao que tudo indica, que provavelmente a arma foi forçada ou pressionada no lábio inferior, podendo tal ser decorrente até mesmo de uma batida com a arma, uma pancada, sem corte, podendo ser indicativo de resistência e até mesmo luta", aponta a petição, que continua: "Ora, Excelência, como é que o periciado (Leandro) não sabe informar como se machucou, se antes mesmo ele já havia dito (no próprio dia dos fatos, por depoimento) como é que havia se machucado, sendo que são contradições que não podem permanecer vigentes". "Isso pode provar que a arma foi colocada na boca dela de uma maneira forçada. Em ambos os documentos hospitalares, há referência de que foram feitas tomografias do crânio e raio-X. Um pedido de obtenção dos exames e laudos para possíveis novas provas nos autos já é motivo de reabertura do inquérito", diz ele. O defensor sublinha, na petição, que "não consta dos autos nem a tomografia computadorizada do crânio da vítima, e nem tampouco o exame e laudo de raio-X" e defende que a morte de Bernardo, por si só, já serviria para reabrir o inquérito: "Os participantes do crime cometido em detrimento à vida do Bernardo, de alguma forma, são os mesmos presentes e relacionados no contexto que envolveu a morte da Odilaine. A atual companheira de Leandro Boldrini, à época dos fatos, conforme informações, trabalhava em Bom Progresso (RS), que é justamente a cidade que o Leandro Boldrini disse ter ido no dia dos fatos, antes da morte de Odilaine". Marlon Taborda também afirma, na petição, que a carta deixada por Odilaine um dia antes da morte, no dia 9 de fevereiro (veja abaixo), não teria sido escrita por ela devido a um erro na grafia da assinatura.

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