segunda-feira, 2 de junho de 2014

BRASIL PODE DIMINUIR USO DAS USINAS TÉRMICAS, CONFORME A EPE

A redução do preço da energia no mercado à vista para menos de 600 reais por megawatt-hora (MWh) é um indicativo de que é possível diminuir o uso de usinas térmicas, diz Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A energia gerada por térmicas é bem mais cara do que a das hidrelétricas - o mercado à vista chegou a negociar energia a mais de 800 reais em fevereiro. Mas, com a situação emergencial que vive o País com clima seco e baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, as térmicas estão funcionando em capacidade máxima. Agora, com uma oferta um pouco maior das hidrelétricas, a tendência é o preço do MWh cair e as térmicas deixarem de ser usadas na plenitude. Apesar do otimismo de Tolmasquim, a previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é de diminuição do nível dos reservatórios em junho, para 36,1% no sistema Sudeste/Centro-Oeste, onde estão instaladas as principais usinas. Em maio, a capacidade de armazenagem das hidrelétricas fechou em torno de 37%. A previsão é de chuva na região Sul e precipitações fracas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, informou Hermes Chipp, diretor-geral do ONS nesta segunda-feira. Em setembro, a previsão é de chuvas acima da média nas três regiões por causa do fenômeno El Niño. Mas, no fim de novembro, os reservatórios devem chegar a 18,5%, volume inferior ao da série histórica. O presidente da EPE afirma que o País vive um cenário muito diferente do de 2001, época do racionamento. Ele argumenta que houve uma mudança estrutural, que afasta o risco de não haver eletricidade para prover as distribuidoras: o crescimento da capacidade ofertada superou o avanço do consumo, além da diversificação da matriz energética e o aumento da capacidade de interligação entre os diferentes submercados consumidores. O presidente da EPE garantiu ainda que a oferta de energia é suficiente para garantir o crescimento sustentável do PIB nos próximos anos. "Nós temos como perspectiva um crescimento do PIB em torno de 4,5% ao ano nos próximos dez anos. Se nós prepararmos o Brasil para crescer nesse ritmo, ele estará preparado para outras situações", garantiu o executivo. Contudo, segundo o relatório do ONS, se a escolha for por desligar as térmicas mais caras, em 2015 o volume de chuva teria de ser, no mínimo, 81% da média histórica para o País evitar um racionamento. Se essas usinas continuarem a funcionar no ano que vem, as precipitações devem ser de 77% da média histórica, no mínimo, para não haver problema de abastecimento. Mas, o órgão destacou que as previsões ainda são muito incertas. Hermes Chipp defende que as usinas térmicas continuem ligadas neste e no próximo ano. O leilão A-5 teve um número impressionante de projetos cadastrados. Ao todo são 1.041 para participar do pleito marcado para 12 de setembro. Serão oferecidos 20 mil MWh de capacidade térmica, 17 mil MWh de geração eólica e 575 MWh de hidrelétrica, além de geração fotovoltaica. Toda produção que será leiloada tem entrega prevista para janeiro de 2019. "O número é superlativo. É o maior leilão do mundo em termos de interessados", afirmou. O desafio, contudo, está na apresentação de garantias de que há gás natural disponível para atender à demanda das usinas térmicas, disse Tolmasquim. Ao todo, estão inscritas no leilão dez usinas térmicas a gás, mas são as eólicas que dominam, com 708 unidades concorrendo. Além do A-5, serão ainda realizados neste ano outros leilões: um leilão A-3 (com entrega prevista para 2017) na próxima sexta-feira e mais um leilão de reserva, em 10 de outubro, quando serão ofertadas usinas de fonte solar, eólica e de resíduos sólidos. Um quarto leilão, o da hidrelétrica do Rio Tapajós, ainda poderá ocorrer neste ano, a depender da liberação de licenciamento socioambiental. A avaliação do presidente da EPE é de que o modelo brasileiro de leilões é atraente para os investidores. A expectativa, segundo Tolmasquim, é que sejam contratados 41 megawatts de 2014 a 2018.

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