quinta-feira, 5 de junho de 2014

BRASIL REDUZ EMISSÕES DE CARBONO NA ATMOSFERA

Um estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira mostrou que, de 2004 a 2013, o Brasil reduziu em 70% o desflorestamento da Floresta Amazônica e emitiu 3,2 bilhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera. Nesse período, 86.000 quilômetros quadrados da floresta foram poupados do desmatamento, uma área que corresponde a 14,3 milhões de campos de futebol, sem que a produção agrícola do País fosse reduzida. Na pesquisa, 17 pesquisadores brasileiros e americanos concluíram que a mudança foi impulsionada por uma combinação de políticas públicas, rejeição do mercado ao desflorestamento e um aumento de áreas protegidas. Os autores acreditam que o sucesso brasileiro mostra o potencial dos países tropicais de produzirem mais alimentos sem destruir florestas, mas destacam que esse avanço pode ter pouca duração sem mais incentivos para os fazendeiros. "Os ganhos são significativos, mas frágeis. Nós estamos atingindo o limite do que pode ser obtido com medidas punitivas. À medida em que a demanda mundial por soja e carne começar a crescer novamente, vai ser necessária uma nova abordagem para manter a devastação contida na Amazônia", afirma Daniel Nepstad, diretor do Earth Innovation Institute e principal autor do estudo. Entre 1999 e 2004, a Amazônia foi intensamente pressionada pela expansão em larga-escada da produção de soja. Florestas foram derrubadas em quantidades alarmantes, apesar de o Código Florestal determinar que os agricultores deveriam manter 80% de suas propriedades com floresta nativa. De 2005 a 2007, a margem de lucro da soja caiu, possibilitando uma mudança. Após muita negociação, os principais compradores de soja produzida na Amazônia decidiram apoiar um acordo de fazer negócios apenas com produtores cujas terras haviam sido desmatadas antes de 2006, o que incentivou os fazendeiros a usar as terras que já possuíam de forma mais produtiva. Em 2008, uma nova medida fez com que os fazendeiros pudessem ser banidos do crédito agrícola se suas terras tivessem alto desflorestamento. Paralelamente, a área da Amazônia destinada à preservação foi ampliada. "Os produtores melhoraram suas práticas, e isso tem a ver com essa exigência dos compradores, com a melhora do monitoramento e com a união da parte econômica", disse Ane Alencar, diretora do programa Cenários para a Amazônia do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e integrante da equipe que realizou o estudo. Desde o início dessa pesquisa, em 2004, o ano de 2013 foi o primeiro que apresentou aumento na derrubada de floresta, que foi de 28%. Os pesquisadores, porém, ainda não sabem se isso representa uma tendência de elevação ou apenas a retomada da estabilidade: com 4.570 quilômetros quadrados desmatados, 2012 tinha sido o ano com a menor perda florestal.

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