terça-feira, 8 de julho de 2014

CID GOMES TENTA INVADIR VESTIÁRIO DA SELEÇÃO E É BARRADO POR UM VOLUNTÁRIO A SERVIÇO DA FIFA; RAPAZ DIZ TER SIDO AGREDIDO, GOVERNADOR NEGA. OU: O JEITO "FERREIRA GOMES" DE RESOLVER PENDENGAS

Vejam esta foto. Vocês vão entender o que ela faz aí.

Anderson Feitoza e David Luiz
Ai, ai…
Vocês sabem que há gente que gosta muito de futebol, muito mesmo! Gosta de tudo o que envolve este notável esporte em que 20 homens correm atrás da mesma bola, havendo dois outros cuja tarefa é impedir que ela atravesse um pedaço delimitado de cada um dos respectivos lados menores do retângulo. E a admiração irrestrita pelo ludopédio, em alguns casos, não reconhece limites — nem mesmo, ou especialmente, os do vestiário. É o caso do governador Cid (PROS), do Ceará, da família Gomes, que parece ser adepta de um método. Vamos ver.
O busílis é o seguinte. Depois da partida em Fortaleza entre as Seleções do Brasil e da Colômbia, Cid tentou invadir — e a palavra é mesmo essa, como admite, sem querer, nota oficial do próprio governador — o vestiário dos canarinhos. Levava consigo uma “Brasuca”, que, segundo diz, queria que fosse autografada pelos jogadores. Sabem como é… Governador, uma verdadeira “otoridade”, Cid não quis esperar ou, sei lá, recorrer a algum intermediário para que levasse a pelota até os heróis da tarde. Preferiu ir ele mesmo, em pessoa, para experimentar, um pouco que fosse, do calor e da excitação da vitória. A paixão excessiva cega, não é?
Mas Cid não conseguiu entrar. Não tinha credencial. Muita gente reclama do que seria a arrogância apátrida da Fifa, que impõe o seu padrão aonde quer que vá. Até eu, confesso, cheguei a me irritar certa feita. Vejo agora que era um resquício de caipirice da minha parte. A regra imposta pela organização tem ao menos o condão de impedir que arrogantes locais imponham a sua vontade apenas porque são, afinal, “otoridades”.
Cid não atravessou a linha que dá acesso ao vestiário. Foi barrado por um rapaz chamado Anderson Feitoza, também ele cearense. Era um dos voluntários que estavam trabalhando para a Fifa. Segundo o relato, o governador, “aparentemente embriagado”, lhe desferiu um tapa no pescoço e o chamou de “abestado”, o que teria chamado a atenção do jogador David Luiz, que interveio, então, em defesa do rapaz. Anderson ganhou uma camisa autografada e ainda posou para a foto que se vê lá no alto, em companhia do próprio David Luiz e de Thiago Silva, os dois heróis daquele dia. Leiam o relato que o jovem postou no Facebook. Volto em seguida.
Anderson Feitoza - texto
Voltei
Pois é… A Folha procurou a assessoria de Cid Gomes, que emitiu uma nota negando a agressão, mas não a tentativa de invasão do vestiário: “Não procede a informação sobre uma agressão minha a um segurança que atuava na Arena Castelão”. Cid parece achar que sua condição lhe dá, realmente, direitos especiais: “Eu, como governador do Estado, me empenhei pessoalmente para que a Copa do Mundo acontecesse em Fortaleza em clima de paz”. A assessoria admite, sim, que ele tentou levar a bola para ser autografada, que foi barrado por estar sem credencial e que protestou, mas de maneira “contida e civilizada”.
Sei, sei…
No dia 12 deste mês, Cid se envolveu num quase acidente de carro com o jovem Samir Jereissati, filho de Demétrio Jereissati, que é primo de Tasso. Segundo o rapaz, o governador iria bater no seu carro, e ele, então, buzinou. Cid desceu, cercado por seguranças, para tomar satisfações. Vejam o vídeo.
A situação é meio confusa, sim, mas o fato é que se vê ali o governador, vamos dizer?, tentando resolver a coisa na base da valentia. Há quem diga que o rapaz poderia estar embriagado, o que é negado por familiares. Ainda que estivesse, é evidente que o comportamento que se vê não é adequado à autoridade máxima do Ceará.
Ocorre que esse estilo “saio no braço” parece ser um modo que tem os Ferreira Gomes de fazer política — ou, ao menos, de se mostrar em público. Há um vídeo impressionante de Ciro Gomes, o irmão mais famoso de Cid, num ato político na cidade de Carnaubal. Vejam até o fim:
VolteiDizer o quê? Reparem que, quando ele desce do palanque para pegar alguém no muque, um séquito desce atrás. Ciro já foi considerado, quem diria?, um renovador da política. Pois é… Notem o tom paternalidade e autocrático do discurso. Sem contar que o tempo parece ter se encarregado de lhe conferir também o “physique du rôle” de um “coroné” à moda antiga, não é mesmo? “Estepaiz” ainda vai se transformar numa República, tenho fé! Mas como demora!!! Por Reinaldo Azevedo

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