domingo, 6 de julho de 2014

EMPRESAS NÃO CONSEGUEM PAGAR A CONTA DE LUZ E PARAM DE PRODUZIR

O elevado preço da eletricidade no mercado à vista, por causa do baixo nível dos reservatórios, tem criado uma série de distorções no setor elétrico e na economia. Para algumas empresas, que tinham contrato de suprimento de eletricidade direto com as geradoras, ficou mais lucrativo deixar de produzir, importar o produto e vender a energia no mercado à vista. Por outro lado, há companhias que não aguentaram o custo alto da conta, ficaram inadimplentes e tiveram a energia cortada. Em uma situação normal, com reservatórios cheios e chuvas na média, o preço do mercado à vista, também chamado de PLD, pode ficar meses abaixo dos R$ 100,00 o MWh. Em janeiro de 2012, por exemplo, estava em R$ 12,00. Mas, quando há um stress no clima e o volume de chuva fica abaixo do esperado, o preço explode. Em quase todo o primeiro semestre deste ano, o PLD ficou em R$ 822,00 o MWh, o limite máximo estabelecido. Nas últimas semanas, o preço recuou um pouco, para entre R$ 356,00 e R$ 547,00, mas continua em patamar alto. Com esse preço, empresas que tinham energia comprada em contratos de longo prazo, por menos de R$ 100,00, fecharam as portas e embolsaram o valor do PLD, vendendo a energia no mercado à vista. No primeiro semestre, por exemplo, a diferença foi de R$ 722,00 por MWh. Várias unidades do setor de ferro-ligas preferiram reduzir a produção e receber pela energia não consumida. No setor de alumínio, a história foi diferente, mas com resultado semelhante. Com os altos custos do País e o enorme estoque mundial, as empresas fecharam linhas de produção e reduziram o volume fabricado. Para abastecer o mercado interno, que continua em alta, o setor teve de importar alumínio. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, de janeiro a maio, as importações de alumínio bruto cresceram 888% em relação a igual período de 2013. O mesmo ocorreu com ligas de alumínio, com avanço de 193%. Nesse mesmo período, a produção caiu 16,1%. “Desde 2010, estamos avisando que o preço da energia está muito alto para produzir no Brasil”, diz o presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Adjarma Azevedo. Dos 28% de queda na conta de luz, promovida pela MP 579, que renovou as concessões de geração e transmissão de eletricidade, a indústria de alumínio só conseguiu 5,6%. Consequentemente, ao reduzir a produção, sobrou energia para essas empresas, que lucraram com o preço alto. O PLD também baliza o preço da energia negociada nos contratos bilaterais de longo prazo. Hoje, quem quiser comprar energia por um ano a partir de 2015 terá de pagar mais de R$ 300,00 o MWh. O problema é que muitas empresas tinham contratos de dez anos, por exemplo, vencendo este ano, com custo de R$ 60,00 o MWh. Com a explosão dos preços, elas ficaram sem contratos e sem condição de pagar a nova conta de luz com base no PLD.

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