quinta-feira, 10 de julho de 2014

JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO DECRETA PRISÃO PREVENTIVA DOS ENVOLVIDOS NA MÁFIA DOS INGRESSOS DA FIFA

A Justiça do Rio de Janeiro decretou nesta quinta-feira a prisão preventiva de 11 envolvidos na máfia dos ingressos da Copa. A decisão vale para Raymond Whelan, CEO da Match Services, única empresa autorizada a vender ingressos para o Mundial. Equipes da Polícia Civil saíram para prender o executivo. Whelan é o único que permanece em liberdade, graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na madrugada de terça-feira. Segundo a polícia, o executivo inglês tem um endereço na Barra da Tijuca, Zona Oeste, e estava hospedado no Copacabana Palace, onde está a delegação da Fifa. Os 11 e mais um suspeito estão indiciados pelos crimes de cambismo e associação criminosa. O objetivo da medida é impedir a fuga dos suspeitos e garantir que não haja interferências nas investigações. O inquérito da 18ª Delegacia de Polícia, na Praça da Bandeira, foi entregue ao Ministério Público do Rio de Janeiro. O promotor Marcos Kac tem cinco dias para analisar o caso e decidir se denuncia ou não os suspeitos à Justiça. Raymond Whelan havia sido preso na segunda-feira no Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul, suspeito de fornecer ingressos para partidas do Mundial. No momento da prisão, Whelan estava com mais de 80 ingressos para os jogos. Segundo decisão da desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, que concedeu o habeas corpus ao CEO da Match, a prisão deve obedecer o princípio da proporcionalidade o que, segundo o documento, não aconteceu. Além de revogar a prisão provisória de cinco dias, ela determinou o pagamento de fiança no valor de R$ 5 mil, o comparecimento quinzenal no cartório e a entrega do passaporte do executivo inglês. Os outros 11 suspeitos, incluindo o argelino Mohamed Lamíne Fofana, apontado como chefe da quadrilha, foram presos no dia 1º de julho. Fofana teve o habeas corpus negado na noite de terça-feira. O prazo de cinco dias da prisão temporária decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro terminou nesta quinta-feira. Em nota divulgada na quarta-feira, a Match Services informou que Whelan vai se descredenciar de forma voluntária da Copa do Mundo e que, ao fazer isso, reafirma seu compromisso com a proteção dos interesses da empresa, da Fifa e do evento. Segundo a nota, o executivo reitera que toma esta decisão mesmo não tendo cometido qualquer ato ilegal e diz ainda que permanecerá colaborando com as investigações com a certeza de que será inocentado. A Match Services voltou a criticar a forma como a investigação policial está sendo conduzida e afirmou que não há nada de inapropriado ou ilegal na conduta de Raymond Whelan. Deflagrada no dia 1º de julho, a operação da 18ª DP (Praça da Bandeira) no Rio de Janeiro prendeu 12 pessoas. No dia 1º, 11 suspeitos foram detidos no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre eles o apontado como operador do esquema, o argelino Mohamed Lamíne Fofana. Na segunda-feira, Raymond foi preso por suspeita de ser o facilitador da obtenção dos ingressos. Com a listagem de celulares da Fifa em mãos, um dos agentes policiais digitou no aparelho celular apreendido do argelino Lamíne Fofana o prefixo 96201, que precedem os telefones da entidade. Apareceu, então, o nome "Ray Brazil", para qual havia 900 registros entre telefonemas e mensagens. Ao todo, a operação está lendo e escutando 50 mil registros telefônicos, dos quais mais de 50% já foram apurados. Segundo as investigações, três empresas de turismo localizadas em Copacabana, interditadas pela polícia, faziam contato com agências de turismo que traziam turistas ao país e vendiam ingressos acima do preço. Eram ingressos VIPs, fornecidos como cortesia a patrocinadores, a Organizações Não Governamentais (ONGs) e também destinados à comissão técnica da Seleção Brasileira – desde bilhetes de camarotes até entradas de assentos superiores. Uma entrada para a final da Copa no Maracanã chegava a custar R$ 35 mil e a quadrilha faturava mais de R$ 1 milhão por jogo. Segundo a polícia, Fofana também conseguia entradas vendidas pelos agentes oficiais da categoria "hospitalidade", pacotes de luxo, controlados pela Match Hospitality. Até carro forte foi usado para abastecer a quadrilha que vendia entradas para todos os jogos da abertura à final do torneio. Segundo o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso, os presos já atuaram em pelo menos quatro mundiais e estimativas apontam que a quadrilha poderia movimentar cerca de R$ 200 milhões por Copa do Mundo. Além de Fofana, estão presos o policial militar reformado Oséas do Nascimento; Alexandre Marino Vieira; Antônio Henrique de Paula Jorge, um dos contatos de Fofana no Brasil (antes de ser preso, Henrique tentou retirar de um banco R$ 177 mil em dinheiro vivo); Marcelo Pavão da Costa Carvalho; Sérgio Antônio de Lima, que teria tentado subornar um dos agentes; Ernane Alves da Rocha Júnior; Júlio Soares da Costa filho e Fernanda Carrione Paulucci. Alexandre da Silva Borges e o advogado José Massih foram presos em São Paulo.

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