segunda-feira, 18 de agosto de 2014

AUTÓPSIA MOSTRA QUE JOVEM NEGRO MORTO NO MISSOURI LEVOU SEIS TIROS

Uma autópsia independente encomendada pelos pais de Michael Brown, o jovem negro morto por um policial de Ferguson, no estado do Missouri, em circunstâncias não esclarecidas, revelou que o adolescente foi baleado seis vezes. Segundo o legista Michael M. Baden, ex-chefe da equipe de legistas de Nova York, quatro tiros atingiram o braço de Brown, enquanto os outros dois entraram pela cabeça do adolescente. Embora um dos disparos tenha perfurado o seu olho e saído pela mandíbula, o jovem sobreviveria a todos os ferimentos, exceto ao que foi provocado pelo tiro que atingiu o alto de sua cabeça. Dadas às circunstâncias analisadas por Baden, Brown só poderia ter sido atingido por este disparo se estivesse com a cabeça inclinada pra frente, seja em pose de cansaço ou correndo em direção ao policial. Baden salientou que “não há sinais de luta” no corpo do jovem de 18 anos, o que derrubaria a hipótese de que ele tentou agredir o policial antes de ser baleado. Como só teve acesso ao corpo do rapaz e não pôde analisar os exames feitos pelas autoridades, Baden disse que não pode precisar o que de fato ocorreu na cidade de Ferguson. A autópsia, entretanto, leva a crer que Brown foi baleado à distância, uma vez que não havia sinais de pólvora em seu corpo. O New York Times reportou que há a possibilidade de as roupas do jovem apresentarem os resquícios de pólvora, mas o legista também não pôde examiná-las.
Na análise de Baden, os tiros que atingiram o braço do rapaz foram disparados primeiro pelo policial. As áreas alvejadas podem sugerir que o adolescente estava com os braços levantados no momento em que levou os tiros. Para Baden, as autoridades responsáveis pela investigação devem conduzir novos testes forenses, inclusive na viatura em que testemunhas disseram ter visto Brown lutando com o policial antes de ser baleado. Após a apresentação dos resultados, o advogado da família de Brown, Benjamin Crump, disse que a autópsia ratifica os primeiros testemunhos dados sobre o caso. “Esse teste preliminar nos mostra que os relatos das primeiras testemunhas eram verdadeiros”, declarou. “O número de tiros que foram disparados e a forma como eles atingiram o corpo de Brown nos mostram que esse policial tinha um profundo desprezo pelas pessoas que ele deveria proteger. Queremos que as pessoas entendam o que está em jogo neste caso. um oficial de polícia executando um jovem desarmado à luz do dia”, acrescentou Crump. Daryl Parks, outro advogado da família, destacou que a autópsia oferece “amplos” indícios que respaldariam a prisão do policial. Lesley McSpadden, mãe de Brown, afirmou que “a justiça só será feita quando este homem for preso e culpado por suas ações”. Ela agradeceu ainda ao apoio que recebeu de Ron Johnson, o policial negro que foi designado para liderar a força-tarefa que tenta conter os protestos em Ferguson. Frente aos novos conflitos entre manifestantes e policiais, o governador do Missouri, Jay Nixon, convocou a Guarda Nacional para “restaurar a paz e a ordem na comunidade”. Atos violentos resultaram em cenas de caos e destruição na cidade de 21.000 habitantes no meio-oeste americano. Os manifestantes desrespeitaram o toque de recolher declarado pelo governo e depredaram lojas e restaurantes na principal rua de Ferguson. A polícia de Ferguson divulgou o nome do policial que atirou em Brown. Segundo o chefe de polícia, Thomas Jackson, o nome do agente é Darren Wilson, que trabalha na força policial há seis anos.

Nenhum comentário: