quarta-feira, 20 de agosto de 2014

BANCO CENTRAL - ELEITOREIRO - MUDA REGRAS BANCÁRIAS PARA INJETAR ATÉ R$ 70 BILHÕES NA ECONOMIA, AUMENTAR O CONSUMO E A PRODUÇÃO, MESMO REATIVANDO A INFLAÇÃO

Menos de um mês depois de anunciar medidas que expandem a oferta de crédito no País, o Banco Central voltou a alterar as regras dos compulsórios dos bancos, contribuição obrigatória que as instituições fazem junto ao Banco Central como forma de proteção ao sistema financeiro. A partir de agora, elas poderão usar, em empréstimos, 60% do montante antes reservado exclusivamente para esse depósito. Na medida anterior, anunciada em julho, o Banco Central já havia liberado 50% desse valor para empréstimos aos consumidores, o que disponibilizou ao mercado 30 bilhões de reais. Na prática, com a liberação desses outros 10% do compulsório, as instituições financeiras podem emprestar mais 10 bilhões de reais, somando 40 bilhões em dinheiro novo em circulação. Considerando outras mudanças anunciadas nesta quarta-feira, há ainda um potencial de impacto na liquidez da economia de 15 bilhões de reais. Com isso, as duas medidas anunciadas nesta quarta-feira podem ter um efeito de 25 bilhões de reais no crédito dos bancos. No anúncio de julho, o Banco Central havia comentado que poderia haver um potencial extra de liquidez de 15 bilhões de reais. Assim, somando o dinheiro do compulsório liberado de imediato em julho e agora (40 bilhões) ao potencial de 15 bilhões de julho e mais 15 bilhões desta quarta, poderão ser injetados no mercado de crédito brasileiro um total de 70 bilhões de reais. O Banco Central explica que essas mudanças fazem parte de sua estratégia de retirar, aos poucos, as medidas adotadas pós-crise, em meados de 2010, para proteger o sistema financeiro do Brasil contra os choques do mercado internacional e formar um colchão de reservas de dinheiro. Como o cenário mudou (economias estão se recuperando e o crédito internacional voltou a circular), a autoridade monetária vê espaço para tirar parte das medidas duras. Contudo, vale ressaltar que o Brasil vive um momento de crescimento baixo – economistas projetam expansão menor que 1% para 2014. Assim, economistas acreditam que essas medidas foram anunciadas agora para tentar salvar o Produto Interno Bruto (PIB) via estímulo ao consumo. O problema principal é o risco de esse aumento de crédito aumentar ainda mais a inflação. Há duas semanas, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu que, apesar de manter a Selic em níveis elevados, as medidas de estímulo ao crédito adotadas em julho não atrapalham a política monetária, que busca a estabilidade de preços. “Não há qualquer contradição ou incompatibilidade entre as ações recentes e a política monetária, uma vez que são instrumentos que têm objetivos distintos”, afirmou ele em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal. “Espera-se que as medidas ampliem o acesso a crédito por pequenas empresas e fortaleçam o comércio exterior. Pretende-se, assim, incrementar a eficiência do sistema e salvaguardar sua resiliência”, mostra a nota do Banco Central.

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