quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O PT ESQUECE O FUTURO E RECICLA ATÉ AS IMAGENS DA CAMPANHA DE 2010. OU: DILMA CORAÇÃO VALENTE SUJA O AVENTAL DE OVO.... ESTAMOS FRITOS!

Começou nesta terça-feira o horário eleitoral gratuito, como todos sabemos. O PSB fez o óbvio e apresentou Eduardo Campos como o profeta que já não está entre nós, mas que deixou uma mensagem. Ao fundo, a música “Anunciação”, do pernambucano — talentoso! — Alceu Valença: “O teu cavalo/ Peito nu, cabelo ao vento/ E o sol quarando/ Nossas roupas no varal (…) Tu vens, tu vens/ Eu já escuto os teus sinais”. O erotismo meio místico da canção, com a imagem de Campos ao fundo, assumiu um novo conteúdo, agora com tinturas messiânicas… Logo, Marina Silva é que será a cavaleira. E vai anunciar o quê? Só Deus sabe, se é que sabe.

O tucano Aécio Neves preferiu dedicar seus quatro minutos a um diagnóstico sobre o país, chamando a atenção para a piora, que é real, da economia. Sua voz chegava a telespectadores e a ouvintes inicialmente distraídos. Aos poucos, na propaganda do PSDB, começavam a prestar atenção ao que dizia o candidato. Ainda desconhecido de parcela significativa da população, a ideia é deixar claro que há alguém dizendo uma novidade. Vamos ver.
O PT dispõe de tanto tempo na televisão que parece ter alguma dificuldade para preenchê-lo. Em maio, o partido levou ao ar a sua propaganda no horário político gratuito. Era um troço ameaçador. Comparava o Brasil de hoje, em que tudo seria uma maravilha, o que é falso, com aquele governado por FHC, quando tudo teria sido uma tragédia, o que também é falso. Escrevi, então, uma coluna na Folha em que observei o seguinte: “Depois de quase 12 anos no poder, o PT não tem futuro a oferecer. Por mais que o filminho de João Santana tenha as suas espertezas técnicas, a verdade é que a peça terrorista revela o esgotamento de uma mitologia”.
E foi, em parte, o que se viu nesta terça, na estreia do horário eleitoral. O maior partido do país não vai além de repetir velhas promessas. Na prática, admite que o governo vai mal, mas jura que vai melhorar se reeleito. Por que Dilma faria depois o que não faz agora? A campanha publicitária não diz. Quem se encarregou de sintetizar a mensagem foi Lula, afirmando que o seu segundo mandato foi melhor do que o primeiro.
Atenção! Não é verdade, sob qualquer aspecto, que os quatro anos finais da gestão Lula tenham sido melhores do que os quatro iniciais. Muito pelo contrário. O desajuste da economia que está em curso é uma herança do segundo governo Lula, piorada pela gestão Dilma. Sem um horizonte a oferecer, restou à campanha da presidente Dilma reciclar até as imagens do passado.
Abaixo, há dois vídeos. O primeiro tem 10min39s e traz a propaganda eleitoral levada ao ar no dia 17 de agosto de 2010. O outro tem 2min10s e é um clip com o jingle “Dilma, Coração Valente”, da campanha deste ano. Vejam. Volto em seguida.
Campanha de 2010
Campanha de 2014
A peça publicitária de 2014 traz um fundo musical novo para imagens da campanha de 2010. Quem chamou a minha atenção para a repetição foi o jornalista Clayton Ubinha, que integra a equipe do programa “Os Pingos nos Is”, que vai ao ar todos os dias na rádio Jovem Pan, entre 18h e 19h. Vejam estes pares de imagens (a primeira é sempre da campanha passada; a segunda, da deste ano).
2010 cena 1
2014 cena 1
2010 cena 2
2014 cena 2
2010 cena 3
2014 cena 3
2010 cena 4
2014 cena 4
2014 cena 5
2010 cena 5
2010 cena 6
2014 cena 6
2010 cena 7
2014 cena 7
Há quatro anos, como se pode constatar, Dilma era oferecida ao eleitorado como a mãe do povo, a quem o pai, Lula, entregaria o país. Agora, em tempos em que a economia está mais para a madrasta da Gata Borralheira, a imagem da mãe já não cola. Então que se recupere a guerreira — “a Dilma Coração Valente” — lutando contra os dragões da maldade. Mas, vocês sabem, é preciso endurecer sem perder a ternura, como diria Che Guevara, o tarado por sangue. Então João Santana houve por bem mostrar a presidente na cozinha, fazendo um macarrãozinho…
Mensagem: a Coração Valente também pode ser “a mamãe com o avental todo sujo de ovo”, como na música de Herivelto Martins, David Nasser e Washington Harline.
Ovo? Tomara não estejamos todos fritos. Por Reinaldo Azevedo

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