quarta-feira, 3 de setembro de 2014

COM AÉCIO NEVES EM DECLÍNIO, TUCANOS CRITICAM SEU MARQUETEIRO

Com dificuldades em avançar na disputa presidencial, a condução do marketing de campanha de Aécio Neves (PSDB), pelo marqueteiro Paulo Vasconcelos, passou a ser alvo de críticas de setores do próprio partido. Um dos poucos a falar abertamente sobre os contratempos enfrentados até então, o presidente estadual do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, admitiu a ocorrência de erros no reduto eleitoral de Aécio Neves. “A campanha estadual não defendeu o legado do Aécio Neves. E nós tivemos uma passividade. A nossa campanha não foi na linha correta de se ancorar no legado, o que permitiu o surgimento de mentiras e inverdades. O Fernando Pimentel (candidato do PT ao governo de Minas) está prometendo o que já existe, o que já fizemos e a campanha não está tendo uma ação firme de ataque e defesa. Foi um erro aqui da nossa campanha que está sendo corrigido”, disse Pestana. A avaliação é de que a equipe de comunicação da campanha nacional erra ao apresentar propostas de forma genérica, esquecendo-se de regionalizá-las. Uma das consequências seria um distanciamento dos eleitores com o discurso de Aécio Neves. As reclamações já começam a chegar ao candidato. De acordo com um integrante da cúpula do PSDB, nos últimos dias alguns governadores do partido passaram a ligar diretamente para Vasconcelos para sugerir alterações na propaganda nacional. Aécio Neves também tem sido procurado pessoalmente com pedidos de mudanças. Há demandas, em especial dos diretórios regionais, para que Aécio Neves grave vídeos específicos para o eleitorado de cada Estado. Seria uma forma de aproximá-lo da realidade de cada local. Reclama-se também da falta de integração do discurso entre as campanhas estadual e nacional. A busca por uma reação do PSDB em Minas Gerais também tem como finalidade evitar uma dupla derrota de Aécio Neves no Estado. As últimas pesquisas colocam o tucano em empate técnico com a presidente Dilma Rousseff (PT) nas intenções de votos na região. Além disso, o seu candidato ao governo local, Pimenta da Veiga (PSDB), está em segundo lugar na corrida eleitoral com 23%, atrás de Fernando Pimentel, que tem hoje 37% das intenções de votos. Na análise de Marcus Pestana, a campanha no âmbito nacional deve deixar de fazer a apresentação de Aécio e iniciar uma nova etapa de “polarização”. Para o dirigente, é necessário que se tenha uma “pegada” igual à usada pelos marqueteiros de outros países. “Essa fórmula do marketing brasileiro está esgotada. Tenho amigo publicitário que é argentino que disse que, na Argentina, é pancadaria para todo lado e ganha quem ficar de pé. Nos Estados Unidos também, lá não há uma agenda propositiva, proposta de governo, é para falar mal do adversário, ou seja, polarização. A desconstrução não tem a ver com baixaria, com mentira, mas tem a ver com politização, oferecer o melhor argumento”, ressaltou. A polarização pretendida deve ser feita com Dilma e Marina Silva (PSB), que hoje aparecem na liderança da corrida presidencial, empatadas com 34% das intenções de votos. “Não estamos mais na fase do ‘bem-vindos’ ou do ‘venha discutir o Brasil’”, disse em referência ao mote apresentado nos programas de rádio e TV da campanha presidencial do PSDB. “Vamos polarizar e oferecer argumentos. Você tem uma candidata que é a continuidade do que está dando errado, que está levando o País para o abismo, que é a Dilma. Por outro lado, mais de 70% acham que têm que mudar. Aí há duas opções: Marina e Aécio. Marina é o sonho que pode virar pesadelo". Outra preocupação nos Estados, segundo relatos de alguns dirigentes do PSDB, é a de manter a militância “aguerrida” diante do quadro adverso. Segundo um candidato a governador, um primeiro impacto sentido no dia a dia com os últimos resultados das pesquisas foi o “sumiço” da menção de Aécio nos discursos dos candidatos locais do partido. Isso tem sido agravado, segundo a mesma fonte, com a falta de material de publicidade. Coordenador da campanha no Acre, Marcelli Tomé, diz que as pesquisas deixaram a militância no Estado “assustada”. “Dentro do comitê, o pessoal ficou triste, meio assustado”, ressaltou ele, que, apesar disso, afirma acreditar em uma virada.

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