quinta-feira, 4 de setembro de 2014

POLÍCIA FEDERAL ENCONTRA LIGAÇÃO ENTRE O LABOGEN, LABORATÓRIO FANTASMA DO DOLEIRO YOUSSEF, E UM GRANDE TRAFICANTE INTERNACIONAL DE DROGAS

A Polícia Federal apreendeu no cofre de um dos maiores traficantes do país documentos dos laboratórios Labogen Química Fina e Piroquímica Comercial. As duas empresas seriam controladas pelo doleiro Alberto Youssef, investigado pela PF na Operação Lava Jato. A Labogen chegou a negociar contrato com o Ministério da Saúde na gestão de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo. Os documentos foram encontrados em março deste ano pela operação Oversea que desarticulou esquema do tráfico de drogas no porto de Santos. Em outra operação, a Monte Pollino, também sobre drogas e em Santos, a Polícia Federal já tinha detectado a conexão do doleiro Alberto Youssef com o financiamento do tráfico internacional de cocaína, o que ele fazia por meio da doleira brasileira Maria de Fatima Stocker, que está presa na Itália. A Polícia Federal descobriu que o traficante Sauélio Alves Leda, alvo da Operação Oversea, mantinha os papeis em um cofre localizado no seu quarto em um sítio de Mogi das Cruzes (SP). Ele é investigado por tráfico internacional de drogas. “Embora as referidas empresas não tenham sido investigadas durante a operação Oversea existem indícios que estes documentos estejam diretamente ligados a lavagem de dinheiro e é de extrema importância a identificação de pessoas e empresas envolvidas com a estrutura da organização criminosa voltada para o tráfico ilícito de drogas”, diz relatório de inteligência da Polícia Federal. No cofre do traficante, a Polícia Federal também encontrou duas armas registradas em nome de um advogado. Os documentos referentes aos laboratórios eram emails escritos em inglês nos quais três pessoas identificadas pela Polícia Federal como Pedro Argese Junior, Paul Weins e Marcela Almeida tratavam da exportação de glicerina para a Bélgica. Sobre Sauélio Alves Leda, o relatório da Polícia Federal afirma: “Trata-se de um grande traficante de drogas de âmbito internacional e isto, por si só, já levanta suspeitas sobre esses documentos". O relatório faz menção à operação Lava Jato e à Labogen. A Labogen, segundo os investigadores, “era usada com o objetivo de se vincular a setores públicos e também utilizada para realização de operações de câmbio, evasão de divisas e lavagem de dinheiro”. Pedro Argese, um dos autores do email sobre a Labogen, também é investigado pela Lava Jato. A Labogen contou com a ajuda do deputado federal petista André Vargas para se aproximar do Ministério da Saúde na gestão do seu antigo colega de partido, o também petista Alexandre Padilha. Vargas é amigo de Youssef e responde a processo por quebra de decoro parlamentar na Câmara por suas ligações com o doleiro. Em uma conversa interceptada pela Polícia Federal com autorização da justiça, Vargas e Youssef se referem ao negócio com o ministério como uma oportunidade de “independência financeira”. Uma sindicância interna do Ministério da Saúde concluiu que após o lobby do deputado, o gabinete do então ministro petista Alexandre Padilha solicitou a subordinados que recebessem representantes do laboratório. O interesse do Labogen era produzir medicamento em parceria com laboratório público. O projeto foi abortado após a imprensa revelar as negociações. O Ministério Público Federal acusa o doleiro de “ter prestado auxílio material nas operações financeiras ilegais” de tráfico internacional de drogas.

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