sábado, 13 de setembro de 2014

Uma leitura indispensável, artigo do filósofo Luis Milman - "A falta de uma centro-direita que represente a maioria"

A Folha de São Paulo publicou uma pesquisa sobre o perfil ideológico dos eleitores brasileiros: 65% deles se identifica como sendo de centro e de direita (50%). Sabemos que essas identidades não são estritamente doutrinárias, mas se expressam mais pela defesa de valores liberais e conservadores avulsos e intuitivos. No entanto, os partidos de perfil liberal e conservador fracassam em organizar politicamente esses sentimentos. Alguns, mais oportunistas,migram fisiologicamente para o campo esquerdista. Já o PSDB, começou com uma abordagem eleitoral morna, um discurso monótono de eficácia gerencial. Depois apresentou, mas muito tardiamente, questionamentos sobre a natureza do esquerdismo petista, como o aparelhamento do Estado e a corrupção na Petrobrás. Agora, porém, podemos constatar que, nestas eleições, estamos mais uma vez pagando o preço da ausência de uma oposição constante, programática, coesa, de centro-direita, capaz de expressar o sentimento da maioria da população brasileira. O resultado é que o antipetismo, expressão política da rejeição ao partido de Lula e Dilma Roussef , desaguou na candidatura de Marina Silva, uma dissidente do PT, que será, com todas as suas incertezas, a opção para interrompermos o ciclo do marxismo-populismo no País. A imagem de Marina, no entanto, vem sendo sistematicamente abespinhada pela campanha infame, sórdida, feita pelo PT. Não podemos sequer garantir que a candidatura de Marina Silva sobreviva aos ataques e chegue com consistência ao segundo turno, se não houver uma reação enérgica à máquina destrutiva dos petistas. O uso da sordidez, que mais uma vez lembra as táticas fascistas, parece já ter produzido o efeito esperado As últimas pesquisas mostram que o crescimento de Marina Silva foi estancado, apontando para um empate entre ela e Dilma Roussef no segundo turno. E isto apesar do escândalo da Petrobrás. Quer dizer, com a máquina pública, seu eleitorado cativo, feudos e alianças, o PT segue muito vivo nestas eleições, contando com uma vitória que o catapultaria não somente para mais quatro, mas para mais doze anos no poder, com Lula voltando depois de Dilma e a oposição esfacelada. Sabemos das consequências deste cenário para o País: mais aparelhamento partidário do Estado, programas sócio-populistas, a destruição do ensino público superior, alinhamento bolivariano, improviso macroeconômico, controle dos meios de comunicação e um ciclo de baixo investimento com recessão e inflação, com o consequente embrutecimento do regime. Este filme já passou no Equador, Venezuela e está em cartaz na Argentina. Há uma dormência na sociedade com relação mobilizações políticas e a denúncias de escândalos do PT. Apenas o petismo mostra ainda ser capaz, como em sua campanha suja contra Marina, de mobilizar uma militância, mesmo que paga e virtual. São milhares de blogueiros pagos e simpatizantes comandados por marqueteiros sem escrúpulos, todos recebendo ordens das cúpulas do partido. A verdade é que o PT tem muito a perder se for apeado do poder. Perderá, sobretudo, seu controle clientelista nos âmbitos político, social e cultural sobre o Estado. Para enfrentar esta situação, não é suficiente apresentar um discurso de gestão, como faz Aécio Neves, ou ecumênico, como faz Marina Silva. É preciso enfrentar os petistas com armamento pesado. Afinal, o PT está para a destruição da democracia constitucional brasileira como o Estado Islâmico está para desestabilização do Oriente Médio.

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