segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Camilo Santana, candidato do clã Gomes, vence no Ceará

Camilo Santana, candidato ao governo do Estado do Ceará

Desconhecido pela grande maioria do eleitorado cearense no início da campanha, o candidato do PT, Camilo Santana, venceu as eleições para o governo do Estado, neste domingo, com 53,24% dos votos, contra 46,76% de seu rival, Eunício Oliveira (PMDB). Até às 20h15, 96,21% das urnas haviam sido apuradas. O futuro governador representa a continuidade da atual gestão, comandada pelo clã Gomes. Há oito anos, Cid Gomes (Pros) governa o Estado que tem o terceiro maior colégio eleitoral do Nordeste, com seis milhões de eleitores. No início da campanha, Santana tinha menos de 10% da preferência do eleitorado, segundo as primeiras pesquisas eleitorais. Mas após o forte apoio dado pela família Ferreira Gomes, sua candidatura deslanchou e, nos últimos levantamentos, o petista despontou numericamente à frente de seu rival. Cid Gomes não poupou esforços para impulsionar a candidatura de Santana e participou, inclusive, de "adesivaços" em cidades estratégicas. No primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff (PT) registrou 68,5% da preferência do eleitorado no Estado. "Nos 160 municípios que visitei na campanha, ouvi os problemas, as expectativas, mostrei coisas boas que o Ceará conseguiu nos últimos sete anos, como as escolas profissionalizantes, hospitais no interior, geração de emprego recorde, o Cinturão das Águas, que vai resolver o problema da seca", afirmou Santana, em coletiva à imprensa. "Mas também mostrei os grandes desafios que o Ceará ainda vai ter" acrescentou, na manhã deste domingo, após votar no município de Barbalha, no interior do Estado. Em sua trajetória política, Santana foi o deputado estadual mais votado do Ceará em 2010, quando recebeu mais de 131 mil votos. Licenciado do cargo, assumiu a Secretaria de Cidades, antes de ser escolhido pelos irmãos Gomes para disputar o pleito estadual. Durante a campanha, foi acusado de envolvimento no chamado "escândalo dos banheiros fantasmas", por conta de supostos fechamentos de contratos fraudulentos para a construção de banheiros para famílias de baixa renda. Entre suas principais propostas, está a ampliação de escolas de tempo integral, a melhoria da qualidade de serviços de saúde e a organização da área de segurança pública, um dos temas centrais desta eleição. Camilo sai vitorioso de uma das campanhas mais agressivas que o Ceará já teve, em que sofreu - e também fez - diversos ataques conta Eunício. O peemedebista chegou a acusar o petista de "homem dócil", que não teria dificuldades para obedecer seu chefe (Ciro). "Essa história de "família Gomes' não é um clã. Estamos na vida pública, não por interesse pessoal, ou familiar, mas por vocação para servir", rebateu o governador. "Essa campanha teve uma característica dúbia: de um lado você teve um candidato que se esforçou e, foi visto pela sociedade, para apresentar propostas (...) e de outro, uma espécie de biruta de aeroporto, com propostas mirabolantes ou a mais pura e desqualificada agressividade", disse Ciro Gomes, em referência a Eunício. Após o primeiro turno, a campanha foi marcada por escândalos, com batidas policiais, recolhimento de materiais difamatórios, como faixas, jornais e DVDs. Houve ainda processos, por parte do próprio governador, contra policiais acusados de fazer campanha na Internet. No segundo turno, para evitar crimes eleitorais, a segurança em 11 municípios cearenses foi reforçada por 2.500 oficiais da Força Nacional. O envio das tropas foi autorizado após o governador Cid Gomes ter acusado a atuação de supostas milícias policiais facilitando crimes eleitorais em favor do candidato peemedebista no primeiro turno. Eunício, por sua vez, acusou Camilo Santana de usar a máquina pública para ampliar sua vantagem na disputa.

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