segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O programa cheio de ódio do PT. Ou: desconstruindo uma mentira no detalhe sobre o ensino técnico

Não sei, não… Se o PT perder a eleição, a gente tem motivos para temer duas coisas: suicídio coletivo, o que é sempre uma coisa horripilante, ou estimulo à desordem. Por que escrevo isso? Nunca vi, já observei aqui, o partido tão desarvorado. O PT está na defensiva e, parece, perdendo a guerra de comunicação. Está mais difícil emplacar mentiras antigas e novas. As respectivas propagandas eleitorais deste domingo deram provas disso. O tucano Aécio Neves aproveitou seu tempo para agradecer o apoio de Marina: “Quero agradecer aqui hoje o apoio de Marina Silva à nossa candidatura e falar para você que, em troca do seu apoio, Marina não pediu cargos, não pediu ministérios (…). Marina pediu para que levássemos adiante propostas que temos em comum, como a escola em tempo integral, a sustentabilidade e o fim da reeleição para presidente. É esse o Brasil que nós queremos, onde pessoas com ideias em comum deixam as diferenças de lado e se unem para fazer um Brasil melhor para você. Marina, seja bem-vinda”.

Foram ao ar também as cenas da adesão da família de Eduardo Campos ao candidato tucano. Um trecho da carta de Renata, a viúva, foi lido pelo filho João, herdeiro político do clã: “O Brasil pede mudanças. O governo que está aí tornou-se incapaz de realizá-las… Aécio, acredito na sua capacidade de diálogo e gestão”, diz o jovem.
A propaganda de Dilma enveredou por outro caminho: a maior parte do tempo foi empregada para tentar desconstruir Aécio, seguindo os passos do que a legenda fez com Marina. Não foi só o tucano que apanhou; a imprensa também. Disse a presidente: “O fato é que o Brasil mudou. Todos os indicadores sociais e econômicos do País melhoraram. Mudamos a vida de quem mais precisava: as crianças, os mais pobres, os trabalhadores que viviam sob ameaça do desemprego e da recessão. Por mais que o meu adversário, com apoio de certa imprensa, tente vender uma imagem distorcida do Brasil, a verdade é que estamos enfrentando e superando enormes desafios”.
Apoio de “certa imprensa”??? Quem conta com uma “certa imprensa” a seu favor é Dilma — na verdade, trata-se de coisa parecida com jornalismo, mas que é só assessoria remunerada por estatais. A tarefa desses falsos jornalistas é falar bem de petistas, atacar oposicionistas e difamar profissionais independentes.
E lá foi o PT tentar convencer a população de que, antes de o partido chegar ao poder, só havia trevas por aqui. Num dado momento, o programa de Dilma sustenta: “Nos governos tucanos, uma lei limitou a criação de escolas técnicas”. É uma mentira que começou a ser veiculada em 2006. O parágrafo 5º da Lei 9.649 estabelecia apenas que as escolas técnicas deveriam ser criadas pela União em pareceria com estados e municípios.
Façam uma pesquisa. No governo FHC, foi instituído o Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep), com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além de criar novas escolas técnicas estaduais e comunitárias, houve recursos para modernizar as federais já existentes. As matrículas nesses estabelecimentos cresceram 41% nos dois últimos anos do governo FHC. Eu estou apenas lidando com fatos. Mais. O horário eleitoral do PT diz que as gestões petistas criaram “422 escolas técnicas”, e o site “Muda Mais”, aquele de Franklin Martins, afirma ser isso o triplo do que se fez em cem anos no Brasil.
Pois é… Sabem quantas escolas técnicas geridas com dinheiro do Estado existem só em São Paulo? 217 ETCs e 63 FATECs. Reitero: eu estou falando apenas de São Paulo. Há mais: como provou em 2010 Paulo Renato Souza, que fora ministro da Educação de FHC, entre 1998 e 2002, o governo tucano aprovou 336 projetos de escolas técnicas: 136 para o segmento estadual, 135 para o comunitário e 65 para as escolas técnicas federais. A partir de janeiro de 2003, primeiro mês do governo Lula, o Proep foi interrompido. Em 2004, o Ministério da Educação devolveu ao BID US$ 94 milhões não utilizados! Um crime!
Às vésperas da eleição de 2006, sem ter nada a oferecer na área, o governo petista retomou 32 projetos do Proep (de um total de 232 interrompidos), federalizou-os e saiu cantando vitória.
Isso que estou a afirmar aqui são apenas dados factuais. Os candidatos têm o direito de vender o seu peixe, e os leitores, o direito de saber a verdade. Atacar e se defender politicamente é do jogo. Mas mentir é falta grave. Por Reinaldo Azevedo

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