Candidato Marcelo Crivella (PRB) dá entrevista coletiva na noite deste domingo (05), no comitê no centro do Rio de Janeiro (Márcio Mercadante/Estadão Conteúdo)
O senador Marcelo Crivella (PRB) chega com um discurso agressivo à disputa de segundo turno pelo governo do estado do Rio de Janeiro. Crivella obteve 20,26% dos votos válidos e volta a enfrentar, no dia 26 de outubro, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que atingiu 40,57% das preferências neste primeiro turno. Até lá, Crivella vai buscar o apoio dos adversários derrotados Anthony Garotinho (PR), Lindbergh Farias (PT) e Tarcísio Motta (PSOL). “Pezão que se prepare. Vamos ter 10 minutos de tempo de televisão. Isso é um sonho para um candidato que sempre disputou com, no máximo, um minuto. Eu preciso do apoio de todos os partidos agora e vou pedir”, afirmou o senador. Esta é a primeira vez que Crivella chega ao segundo turno na disputa pelo governo estadual. Em 2006, sua candidatura naufragou ainda no primeiro turno, quando Sérgio Cabral (PMDB) e Denise Frossard (PPS) receberam mais votos. O senador também acumula duas derrotas para a Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2004 e 2008. Mas, nesta campanha, assumiu postura ofensiva contra o principal adversário, Pezão, com uma inesperada língua ferina contra os deslizes do governo Cabral, e passou por uma recauchutagem para lapidar a imagem de líder religioso. Por orientação do marqueteiro Lula Vieira, Crivella, que é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho do fundador Edir Macedo, evitou menções à instituição religiosa em discursos e material publicitário. O senador fez acusações contra Pezão e o antecessor Cabral ao falar da máquina do PMDB no governo estadual e na coligação de 18 partidos. “Vamos fazer com que todos os contratos e concessões sejam discutidos, até porque quem defendia concessionárias era a esposa do governador (Sérgio Cabral). Minha esposa não é advogada e não tem pretensão de enriquecer”, alfineta Crivella. “O povo tem que dar resposta a esses que cobriram a cidade de papel, com milhões de cabos eleitorais. O dinheiro gasto em boca de urna talvez tenha sido metade do orçamento de Pezão. É possível que tenha sido gasto em torno de 50 milhões de reais”, acrescenta. Mas o ex-senador também tenta se defender de polêmicas que envolvem sua gestão no Ministério da Pesca e seu mandato no Senado. Como revelou o site de VEJA, subordinados de Crivella no Senado doaram mais recursos de uma única vez para a campanha do senador do que recebiam em remuneração mensal. “O dinheiro doado por funcionários me engrandece. É uma coisa fantástica. O que a gente precisa denunciar são as doações de campanha de 100 milhões de reais de empreiteiras”, improvisa Crivella. A passagem de Crivella para o segundo turno parecia inesperada até para o senador. Ele superou Garotinho por apenas 42.654 votos, praticamente a mesma quantidade de moradores de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O candidato era aguardado desde 20h em seu comitê, mas não tinha pressa. Por volta de 20h20m, a diretora de imprensa da campanha do PRB, Inni Vargas, avisou aos jornalistas: ”Ele está em casa trocando de roupa. Chega em 20 minutos”. Só chegou uma hora depois. Às 20h24m, os estrategistas tiveram a confirmação de que Crivella estava garantido, matematicamente, no segundo turno. “Eu cheguei aqui morto. Tinha gente chorando”, comemorou o marqueteiro Lula Vieira, que enfrentou Crivella quando chefiou a campanha de Fernando Gabeira, pelo PV, à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2008.
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