segunda-feira, 6 de outubro de 2014

'Pezão que se cuide', diz Crivella

Candidato Marcelo Crivella durante entrevista coletiva na noite deste domingo (05), no comitê no centro do Rio de Janeiro

Candidato Marcelo Crivella (PRB) dá entrevista coletiva na noite deste domingo (05), no comitê no centro do Rio de Janeiro (Márcio Mercadante/Estadão Conteúdo)
O senador Marcelo Crivella (PRB) chega com um discurso agressivo à disputa de segundo turno pelo governo do estado do Rio de Janeiro. Crivella obteve 20,26% dos votos válidos e volta a enfrentar, no dia 26 de outubro, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que atingiu 40,57% das preferências neste primeiro turno. Até lá, Crivella vai buscar o apoio dos adversários derrotados Anthony Garotinho (PR), Lindbergh Farias (PT) e Tarcísio Motta (PSOL). “Pezão que se prepare. Vamos ter 10 minutos de tempo de televisão. Isso é um sonho para um candidato que sempre disputou com, no máximo, um minuto. Eu preciso do apoio de todos os partidos agora e vou pedir”, afirmou o senador. Esta é a primeira vez que Crivella chega ao segundo turno na disputa pelo governo estadual. Em 2006, sua candidatura naufragou ainda no primeiro turno, quando Sérgio Cabral (PMDB) e Denise Frossard (PPS) receberam mais votos. O senador também acumula duas derrotas para a Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2004 e 2008. Mas, nesta campanha, assumiu postura ofensiva contra o principal adversário, Pezão, com uma inesperada língua ferina contra os deslizes do governo Cabral, e passou por uma recauchutagem para lapidar a imagem de líder religioso. Por orientação do marqueteiro Lula Vieira, Crivella, que é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho do fundador Edir Macedo, evitou menções à instituição religiosa em discursos e material publicitário. O senador fez acusações contra Pezão e o antecessor Cabral ao falar da máquina do PMDB no governo estadual e na coligação de 18 partidos. “Vamos fazer com que todos os contratos e concessões sejam discutidos, até porque quem defendia concessionárias era a esposa do governador (Sérgio Cabral). Minha esposa não é advogada e não tem pretensão de enriquecer”, alfineta Crivella.  “O povo tem que dar resposta a esses que cobriram a cidade de papel, com milhões de cabos eleitorais. O dinheiro gasto em boca de urna talvez tenha sido metade do orçamento de Pezão. É possível que tenha sido gasto em torno de 50 milhões de reais”, acrescenta. Mas o ex-senador também tenta se defender de polêmicas que envolvem sua gestão no Ministério da Pesca e seu mandato no Senado. Como revelou o site de VEJA, subordinados de Crivella no Senado doaram mais recursos de uma única vez para a campanha do senador do que recebiam em remuneração mensal. “O dinheiro doado por funcionários me engrandece. É uma coisa fantástica. O que a gente precisa denunciar são as doações de campanha de 100 milhões de reais de empreiteiras”, improvisa Crivella. A passagem de Crivella para o segundo turno parecia inesperada até para o senador. Ele superou Garotinho por apenas 42.654 votos, praticamente a mesma quantidade de moradores de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O candidato era aguardado desde 20h em seu comitê, mas não tinha pressa.  Por volta de 20h20m, a diretora de imprensa da campanha do PRB, Inni Vargas, avisou aos jornalistas: ”Ele está em casa trocando de roupa. Chega em 20 minutos”. Só chegou uma hora depois. Às 20h24m, os estrategistas tiveram a confirmação de que Crivella estava garantido, matematicamente, no segundo turno. “Eu cheguei aqui morto. Tinha gente chorando”, comemorou o marqueteiro Lula Vieira, que enfrentou Crivella quando chefiou a campanha de Fernando Gabeira, pelo PV, à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2008.

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