quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PMDB antecipa sucessão na presidência da Câmara para pressionar PT e governo

A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados aclamou nesta quarta-feira seu líder, Eduardo Cunha (RJ), como candidato à presidência da Casa, três meses antes da eleição, em um movimento que pode pressionar o PT e o governo a aceitar a candidatura do peemedebista, desafeto político do Planalto. A eleição para presidente da Casa só ocorrerá em fevereiro de 2015, quando os novos deputados tomam posse. A estratégia da bancada peemedebista da Câmara ocorre à revelia da cúpula do PMDB e visa a atrair partidos de oposição, em meio a um clima de insatisfação entre o governo e a atual legislatura. Além de não ter a simpatia da presidente reeleita Dilma Rousseff, Cunha não cultiva boas relações com o vice-presidente Michel Temer, que também preside a legenda. Até agora, governo e PT, que terá a maior bancada da Câmara em 2015, estão apenas assistindo aos movimentos de Cunha, o que pode colaborar com sua estratégia de pavimentar o terreno para a candidatura até um ponto irreversível. Dputados peemedebistas descartam manter o acordo que tinham com os petistas até agora, que previa um rodízio no comando da Câmara. Com base nesse acerto, seria a vez do PT apontar um candidato à presidência com o apoio do PMDB. Após uma reunião da bancada nesta quarta, Cunha disse que não acredita que uma candidatura do PT tenha força para vencer. O deputado peemedebista Danilo Forte (CE) afirma, no entanto, que a candidatura de Cunha não será de oposição. "Nós vamos tentar construir um consenso com o governo e com o PT", disse à Reuters após a reunião da bancada. "Nosso desejo não é o do confronto", afirmou. O deputado afirmou, no entanto, que se não for possível construir essa unidade em torno da candidatura de Cunha, ele pode virar candidato de oposição ao governo. "Pode ser de oposição, se não construir um entendimento com o PT", argumentou, dizendo ainda que Cunha é único deputado atualmente com liderança para conduzir a Casa com independência. Uma fonte próxima a Temer afirmou não ter dúvidas de que Cunha está trilhando o caminho para uma candidatura de oposição e que o vice-presidente não tem sido sequer consultado sobre os movimentos da bancada. Segundo essa fonte, que falou sob condição de anonimato, não haveria movimentos de reação do governo até o momento e nem da presidente. Dilma não teria pedido a intervenção de Temer na disputa, acrescentou a fonte. Sabendo da resistência que enfrentará do governo e do PT, Cunha tem procurado líderes de bancadas aliadas insatisfeitas com o governo e de partidos de oposição para garantir apoio ao seu projeto, numa tentativa de sobreviver à pressão que virá pela frente.

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