sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Polícia Federal indicia presidente da Assembléia gaúcha, Gilmar Sossella, por formação de quadrilha e concussão

O presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado estadual Gilmar Sossella (PDT), e outras sete pessoas foram indiciadas por formação de quadrilha, concussão (exigir para si em razão da função vantagem indevida) e por outros três crimes tipificados no Código Eleitoral, entre eles, coação. O deputado foi reeleito no último domingo com 57.490 votos para o terceiro mandato consecutivo no parlamento gaúcho. Os indiciamentos são resultado de inquérito aberto em agosto pela Polícia Federal, concluído nesta quinta-feira e remetido ao Tribunal Regional Eleitoral. Além de Sossela, foram indiciados também a mulher dele, Melânia Sossella; o superintendente geral, Artur Souto; o superintendente administrativo da Assembléia Legislativa, Ricieri Dalla Valentina Júnior; o diretor do Departamento de Comissões Parlamentares, Ivan Ferreira Leite; a Superintendente Legislativa, Fernanda Paglioli; o chefe de gabinete da Presidência, major Jair Luiz Müller, da Brigada Militar, e a secretária do gabinete do superintendente-geral, Andreza Macedo Teixeira. O gabinete da presidência da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul pressionava servidores a dar parte dos salários para a campanha de Sossela. Diretores e coordenadores, servidores concursados da Casa, detentores de funções gratificadas, foram coagidos a comprar convites no valor de R$ 2,5 mil cada para um churrasco de arrecadação de campanha. Além disso, o gabinete da Presidência recrutou estagiários para atuar como cabos eleitorais para a reeleição do parlamentar: eles teriam de apresentar listas com os nomes dos eleitores. Em setembro, o superintendente-geral havia sido afastado do cargo pelo Tribunal Regional Eleitoral, por conta das suspeitas, porém o tribunal o reconduziu ao cargo no início desta semana, logo após as eleições. Servidores da Assembléia Legislativa afirmam que o sistema de recrutamento de estagiário mudou desde a posse de Sossella como presidente, passando os estagiários a serem escolhidos diretamente pelo superintendente Artur Souto. Depois de contratado, cada estagiário recebia da secretária da superintendência, Andreza Macedo Teixeira, o chamado "caderninho do compromisso" — um caderninho de espiral, onde já estava escrito o nome do estagiário, e onde este deveria anotar o nome completo de eleitores que ele havia convencido a votar em Sossella, junto com a data de nascimento e outros dados. Com essas informações, seria possível rastrear a sessão eleitoral e verificar se o voto de fato confirmou-se em 5 de outubro. A caderneta foi entregue junto com um bombom, de acordo com relatos de estagiários e servidores. Segundo um deles, o caderno servia para anotar os eleitores conquistados.

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