domingo, 30 de novembro de 2014

Contrariado com mudança na economia, PT tenta agora emplacar agenda própria

PT deve cobrar de Dilma mais espaço no ministério e emprenho em bandeiras históricas
Fortaleza - Reunido nesta sexta-feira, 28, em Fortaleza para fazer um balanço das eleições e debater os rumos do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o diretório nacional do PT considerou “coisa feita” as nomeações de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Kátia Abreu para a Agricultura. Embora contrariadas, as principais correntes do partido não devem tornar públicas críticas às escolhas da presidente. Em troca, o partido vai pedir mais empenho do governo em questões caras à base petista, como o marco regulatório dos meios de comunicação, a revisão do fator previdenciário, reforma fiscal, questões trabalhistas e indígena. O PT também deve cobrar espaço mais qualificado no ministério. A legenda já dá como certo que terá um número menor de ministérios no segundo mandato de Dilma. Conforme um importante dirigente petista, isso deve ser compensado com a indicação de “líderes capazes de fazer a disputa política nas suas áreas”. Ou seja, o PT quer um ministério mais político e menos burocrático e hermético do que o do primeiro mandato. Na segunda-feira, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil fez uma reunião preparatória em São Paulo para elaborar o discurso. Embora nomes como Levy e Kátia Abreu não agradem setores do PT, eles dizem que “o que vai prevalecer” é o programa de governo do partido. Para driblar as críticas, os dirigentes petistas fazem uma comparação com o primeiro mandato do alcaguete Lula (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de Reputações), quando Henrique Meirelles - na época um banqueiro filiado ao PSDB - foi escolhido para o Banco Central, o “petista conservador” Antonio Palocci para a Fazenda e Roberto Rodrigues, representante do agronegócio, para a Agricultura. “A área econômica não está à disposição para disputa partidária”, admitiu um dos vice-presidentes do partido, Alberto Cantalice. Segundo ele, o importante é que ministérios ligados diretamente às causas petistas fiquem com nomes vinculados à esquerda. O PT vai lutar para manter seus espaços no governo e emplacar nomes como o do deputado estadual Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, nos Esportes, e o governador da Bahia, Jaques Wagner, em alguma pasta política. Além disso o partido quer impor uma pauta ao segundo governo de Dilma. Um dos itens principais é a criação de um marco regulatório para os meios de comunicação, reivindicação antiga do PT engavetada por Dilma no primeiro mandato. A presidente já disse que vai abrir o debate sobre o tema no segundo semestre do ano que vem e descartou qualquer medida de controle de conteúdo. O objetivo, segundo ela, será restringir “monopólios e oligopólios”. O presidente do PT, o comunista Rui Falcão (ele foi membro da organização comunista clandestina POC - Partido Operário Comunista), afirmou que a regulação da mídia está na agenda do segundo mandato de Dilma. O partido quer ainda que o governo crie uma fórmula alternativa ao fator previdenciário, reivindicação histórica dos sindicatos ligados ao PT, uma reforma fiscal que desonere a nova classe C, que ascendeu durante os governo Lula, e a manutenção da política de valorização do salário mínimo.

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