sábado, 8 de novembro de 2014

Denúncias envolvendo Petrobrás fazem fundos em Wall Street reduzirem aposta na empresa

As denúncias de corrupção na Petrobras afetaram o interesse de investidores em Wall Street pelos papéis da empresa. Dos oito fundos de hedge que mais tinham ações da companhia brasileira no começo de 2014, seis resolveram reduzir as apostas e venderam ações da petroleira. Além disso, o megainvestidor George Soros, que tinha voltado a apostar na empresa, também se desfez de parte das ações. Um dos gestores de fundos de hedge mais conhecidos no mercado financeiro dos Estados Unidos, Jim Chanos, classificou recentemente a Petrobras não como uma empresa, mas como um "esquema" e afirmou que estava se desfazendo das ações da petroleira. Em uma apresentação fechada à investidores, Chanos ainda reclamou que a Petrobras está endividada demais e que a produção de petróleo não tem crescido. George Soros também vendeu recentemente papéis da empresa. Ele aumentou a posição no começo do ano e chegou a deter 3,2 milhões de papéis em março, mas reduziu sua aposta para 2,4 milhões, de acordo com dados da SEC (Securities and Exchange Comission). Entre outras gestoras que resolveram vender ações da Petrobras estão a AlphaBet Management (agora chamada Saiers Capital), que administra US$ 2 bilhões e tinha no final de dezembro do ano passado 5,9 milhões de ações da Petrobras. Agora tem 400 mil papéis, de acordo com dados enviados para a SEC. Outra gestora, a Arrowstreet Capital, que administra US$ 25 bilhões, tinha 3,6 milhões de ações da petroleira brasileira, número que se reduziu para 1,1 milhão. A Gruss Asset Management foi mais radical e resolveu zerar suas posições, vendendo as 1,4 milhão de ações que tinha da Petrobras. Um levantamento do site especializado em fundos de hedge, o InsiderMonkey, mostra que, das oito gestoras que mais tinham ações da petroleira, apenas duas aumentaram a posição este ano na comparação com final de dezembro de 2013. As outras seis reduziram as apostas. Um gestor em Wall Street disse que a empresa brasileira "é um dilema", pois oferece boas perspectivas de produção, sobretudo depois das recentes descobertas no pré-sal, mas que as denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro "mancham" o nome da Petrobras e elas precisam ser investigadas. Além disso, ele reclamou da demora no reajuste dos preços dos combustíveis no Brasil, que complica a situação da empresa para fazer face aos investimentos - nesta quarta-feira, a estatal anunciou aumento de 3% nos preços de venda da gasolina e de 5% no diesel, nas refinarias. Assim, alguns gestores avaliam que, dependendo de como forem conduzidas as investigações e da transparência da Petrobras, o movimento de venda pode ser revertido. Uma das expectativas é que as duas empresas recentemente contratadas pela petroleira para a investigação do esquema de corrupção ajudem a esclarecer melhor a história. Uma delas, a Gibson, Dunn & Crutcher, é dos Estados Unidos e tem ampla experiência em investigar problemas no setor. Um de seus clientes mais conhecidos é a Chevron, segunda maior empresa norte-americana de petróleo. Pelas regras dos Estados Unidos, os fundos precisam informar à SEC a cada trimestre como estão suas carteiras no fechamento do período, com a quantidade de ações e as empresas em que investem. Uma das formas de os fundos em Wall Street aplicarem em Petrobras é por meio dos American Depositary Receipts (ADRs, recibos que representam ações e são listados em Nova York). O ADR da Petrobras costuma ficar entre os dez papéis mais negociados diariamente em toda a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). No ano, o papel acumula queda de 25%.

Nenhum comentário: