sábado, 29 de novembro de 2014

Disputa pela presidência da Câmara se acirra e pode ter até quatro candidatos

A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados vai se acirrar a partir desta semana, com o lançamento oficial na terça-feira (2) da candidatura do líder do PMDB na Casa, deputado Eduardo Cunha (RJ). Embora ainda faltem dois meses para a eleição, prevista para 1º de fevereiro, a articulação entre os parlamentares segue intensa e até quatro nomes poderão concorrer. Segundo o deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), próximo a Cunha, o líder peemedebista já promoveu oito jantares, que reuniram deputados de diferentes legendas, com o objetivo de angariar apoios em torno do seu nome e, até o final do ano, serão mais oito. O PT já anunciou que pretende ter candidato próprio, e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) conseguiu respaldo de seu partido para tentar viabilizar a candidatura. O líder do PDT, Félix Mendonça Júnior (BA), também articula com PROS e PCdoB a formação de um bloco para concorrer à vaga. As conversas deverão ser intensificadas nesta semana para chegar a um consenso até o dia 10 de dezembro. “Queremos alguém que não seja governista nem oposicionista”, disse Mendonça Júnior. Entre os nomes cogitados estão os de André Figueiredo (PDT-CE), Mário Heringer (PDT-MG), suplente que foi eleito, e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Eduardo Cunha é desafeto do Palácio do Planalto por assumir uma postura mais independente, mesmo pertencendo ao partido do vice-presidente da República, Michel Temer. Eduardo Cunha chegou a liderar rebeliões da base aliada e impôs diversas derrotas ao governo em votações na Câmara. Ele tem se confrontado com o PT, que, por deter a maior bancada da Casa, não pretende abrir mão do comando da Casa. Na próxima legislatura, o PT terá 70 deputados e o PMDB, 66 (segunda maior bancada). Eduardo Cunha já recebeu o apoio do Solidariedade e do PSC. A expectativa é que mais legendas deem aval publicamente à candidatura dele. As conversas estão avançadas com PTB e PR, partidos que, com o PMDB, o SD e o PSC, compõem o chamado “blocão”, grupo de descontentes com o governo federal e que atuam de forma independente: “Já estamos fechados com o Cunha”, afirmou o líder do PSC, André Moura (SE) sobre almoço da bancada realizado na quarta-feira (26). Temos uma possibilidade com Júlio Delgado, mas a gente também observa com simpatia a articulação que está sendo feita pelo Cunha". Para marcar o lançamento da candidatura, Eduardo Cunha promoverá um ato no Salão Verde da Câmara às 18 horas desta terça-feira. São esperados integrantes de vários partidos, de acordo com o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), outro aliado de Cunha: “Isso vai mostrar a pluralidade que a candidatura tem". O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), afirma que, embora o apoio oficial não tenha sido dado, há uma tendência de que a bancada fique mesmo com Eduardo Cunha. “Ele tem demonstrado uma independência muito grande na Casa”, avalia. Determinados a ver o PT derrotado na disputa, os partidos de oposição também sinalizam na direção do concorrente. “O Cunha tem conversado frequentemente conosco”, conta o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), sem, por enquanto, bater o martelo. O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), também vê com bons olhos a candidatura de Cunha: “Temos uma possibilidade com Júlio Delgado, mas a gente também observa com simpatia a articulação que está sendo feita pelo Eduardo Cunha". Mais reservado, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), prefere aguardar uma definição do cenário. Ele diz que, no momento, a prioridade é articular a formação de um bloco parlamentar. “Temos que ver o conjunto da ópera para saber como vamos atuar enquanto oposição". Apesar da decisão pública de lançar candidato, o PT ainda não fechou a estratégia. Arlindo Chinaglia (PT-SP) é um dos nomes para a presidência – ele já presidiu a Câmara no período 2007-2008 – mas, internamente, não há consenso sobre o que o partido deve fazer. Há até quem defenda um acordo com Eduardo Cunha. Vice-presidente nacional da legenda, o deputado José Guimarães (CE) diz que “está tudo em aberto” e que o assunto só ganhará força a partir desta segunda-feira (1º). “Tem muito tempo ainda. Quem tem pressa, come cru”, alfineta. Sobre a entrada de mais candidatos na disputa, Guimarães é pragmático: “Quanto mais cabra, mais cabrito. Quanto mais candidatos, melhor". Com o aval dado pelo PSB, o deputado Júlio Delgado diz que vai se dedicar com afinco nas próximas três semanas para consolidar a candidatura e partir para uma campanha corpo-a-corpo em janeiro. Os parlamentares entram em recesso em 23 de dezembro e só retornam em fevereiro. “Até o recesso, vai clarear o que é concreto e o que não é concreto”, diz. Depois, ele pretende ir atrás dos parlamentares, principalmente os novo: “É preciso identificar os deputados novos na Casa, e vou programar viagens até os Estados para me articular".

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