quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Efeitos da operação da Lava Jato podem afetar crescimento da economia em 2015

O ex-diretor de serviço da Petrobras, Renato Duque, chega a sede da Polícia Federal

Os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, poderão afetar as perspectivas de crescimento de 2015. É o que já se admite na equipe econômica da presidente Dilma Rousseff (PT). Por envolver as principais construtoras do País, as investigações atrasarão o programa de concessões, a maior aposta do governo para acionar o motor dos investimentos. Os mais otimistas enxergam um lado bom no processo: a possibilidade de abrir espaço para construtoras de médio porte nas novas parcerias com o governo. Há pelo menos um caso bem sucedido, o da concessão da BR-050 em Goiás e Minas Gerais, arrematada por um grupo de empreiteiras que não têm relação com o "clube" investigado pela Lava Jato. O governo acredita que é possível uma participação maior das empreiteiras menores no processo. Mas, para que essa alternativa se viabilize, será necessário aumentar a chance de crédito a essas empresas. Há dúvidas se os bancos aceitarão financiar empresas com menor tradição em empreendimentos de valor elevado e prazos longos. Será preciso ampliar as garantias. O crédito para as concessões e Parceiras Público-Privadas (PPP) tem ainda outro complicador à frente, que é a perspectiva de novo rebaixamento da nota do País pelas agências internacionais de classificação de risco. Maior preocupação da equipe econômica no momento, essa é uma possibilidade cada vez mais concreta. Ela não tem origem nos malfeitos na Petrobras, e sim na condução da política fiscal brasileira. O rebaixamento vai encarecer os empréstimos para o setor público e para as empresas, mas pode sobretudo afastar os investidores estrangeiros. Os prejuízos
para o crescimento foram comentados pelo presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau. Para ele, a Lava Jato pode afetar a perspectiva de investimentos e crescimento do país no ano que vem, inclusive pelos impactos das investigações sobre o Legislativo brasileiro. "O problema é o seguinte, as coisas todas têm que andar bem. Você não pode ter problemas importantes que nem estamos tendo, que afetem em menor ou maior escala o Congresso. Para ter plena eficiência, você tem que trabalhar procurando não ter problemas e nós, no momento, temos problemas que precisam ser vencidos". Até parece que Jorge Gerdau Johannpeter não tem nada a ver com a crise instalada no País. Ele tem tudo a ver, na medida em que foi membro do Conselho de Administração da Petrobras e permitiu que essa roubalheira passasse incólume debaixo de seus olhos, sem qualquer restrição. Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, traçou um quadro mais positivo: "Acho que estamos dando uma demonstração de seriedade, de que no Brasil a Justiça funciona sem interferência". Ele disse ser necessário segregar as pessoas que cometeram os ilícitos das empresas, que são importantes para o País. E afirmou que, do ponto de vista de seus contatos no setor privado estrangeiro, o Brasil segue como um destino atraente para negócios.

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