segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Haddad, candidato do PIP, já está em franca campanha para 2016. Ou: Inspiração ou borborigmo?

Oba! Hoje é dia de tratar aqui da imprensa. Faz sentido. Afinal, quando se transforma em notícia quem noticia, a gente também instrui as pessoas, para citar frase atribuída a Bismark, sobre o modo como se fazem os jornais e as salsichas. Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, concorre à reeleição pelo PIP, a sua sigla informal. É o “Partido da Imprensa Petista”. O PT é a sua sigla oficial. O PIP é a de adoção.

O homem está num vídeo da Folha afirmando que, embora leigo, tomaria medidas diferentes das adotadas pelo governo de São Paulo no caso da crise da água. Ele não disse quais, não tratou de sua viabilidade técnica, não evidenciou compromisso com qualquer estudo a respeito, nada disso… Disse apenas que seria diferente. Sabem? Para Haddad, o ciclofaixista, esse negócio de água é, assim, um troço subjetivo, um “jeito de corpo” (como diria Caetano Veloso nos velhos tempos), uma sensação, quase um arrepio… Que importa que a Sabesp disponha de técnicos, de expertise, de uma experiência consolidada? Sim, claro, ela pode ser contestada. Mas que seja, então, com elementos igualmente técnicos.
Haddad não precisa de nada disso. Basta que ele sinta uma coisa diferente. Pode ser uma inspiração divina, pode ser um borborigmo. Não interessa. Se é Haddad, tanto faz se ele dá à luz a grande obra ou um mero “pum”.
No Estadão, o vídeo é outro: numa cidade emporcalhada por pichações, ele aparece de spray na mão, num túnel da região da Avenida Paulista, participando de uma grafitagem organizada pela Prefeitura. É que, ali, artistas de rua tinham feito um desenho, apagado depois por estudantes de uma faculdade que queriam divulgar um evento.
As escolas de São Paulo estão na pindaíba.
As creches de São Paulo estão na pindaíba.
A saúde de São Paulo está na pindaíba.
Mas Haddad, o Jânio Quadros com sotaque de esquerda, resolveu desenhar um Pato Donald — o que também traduz, creio, uma idade mental — na parede do túnel, posando de tio prafrentex, moderninho, alinhado com as modernas tribos urbanas, saca? Se ele chegar a mostrar a cueca, pensarei seriamente na hipótese de ir fumar maconha no Uruguai…  Agora só falta vestir Haddad um colant e sair cidade afora alisando o selim, com um capacetinho descolado.
Pode parecer incrível, meus caros, mas 2016 já começou. E não será fácil enfrentar o candidato do PIP: o Partido da Imprensa Petista. É um péssimo gestor, mas grafita muros e tem ideias íntimas sobre água. Por Reinaldo Azevedo

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