sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Oposição afirma que maior inimigo do novo ministro da Fazenda será o PT


A oposição no Congresso demonstrou ceticismo em relação ao ajuste gradual anunciado nesta quinta-feira pelo futuro ministro da Fazenda Joaquim Levy. O sucessor do atual ministro Guido Mantega afirmou que o governo irá buscar uma meta de superávit primário de 1,2% do PIB no próximo ano e de "não menos que 2%" em 2016 e 2017. "O anúncio vai na direção certa, mas resta saber se o Levy combinou isso com o PT e a presidente Dilma Rousseff. O fato dela não estar à frente do anúncio dos novos nomes é estranho. Este é o nó da questão", disse o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN). Candidato derrotado à presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB, se manifestou em uma nota dura contra Dilma, a quem acusou de mentir ao País durante a campanha eleitoral com seu "discurso recheado de bondades". Lembrou que Levy faz o anúncio de ajuste gradual no momento em que o governo tenta aprovar uma alteração das metas de superávit para este ano. "Afinal, qual é o verdadeiro rosto do novo governo Dilma Rousseff? Refém de tantas contradições, o governo corre o risco de não ter nenhum", diz Aécio Neves na nota. Os líderes da oposição reconheceram que a política anunciada por Levy, calcada na redução de gastos públicos, não é essencialmente diferente da defendida pelo PSDB durante a campanha presidencial. Mas realçaram a fragilidade política do futuro ministro. "Joaquim Levy irá andar no fio da navalha", afirmou o senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP), líder da bancada na Casa e candidato a vice na chapa de Aécio. "O maior inimigo do novo ministro será o próprio PT. Perto do que o PT fará com ele, a nossa oposição será suave", comentou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), líder do partido na Câmara. Segundo Aloysio, " a própria Dilma disse no passado que uma meta plurianual de superávit primário era uma proposta rudimentar", em uma referência à proposta feita em 2005 pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que institucionalizava a politica fiscal superavitária do governo. "O que temos por enquanto no Congresso é uma proposta para ser votada eliminando a menção ao superávit primário este ano, como forma de se escapar de sanções legais no futuro", disse o senador. Na próxima semana, o plenário do Congresso deve votar a proposta de alteração da LDO que elimina a menção à meta de superávit em 2014. No Rio de Janeiro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso preconizou que o futuro governo da presidente pode enfrentar "um tremendo problema político" e até a judicialização de decisões importantes porque "não tem condições efetivas de hegemonia no Congresso", onde constituiu sua base calcada não em afinidade de propostas mas sobre "troca de favores". Para ele, até agora foi possível empurrar a governabilidade com a barriga porque a situação econômica não era aflitiva. Mas Fernando Henrique previu que, se a situação social e econômica se agravar, "é possível que a saída seja a judicialização das decisões".

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