quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Petrobras afasta gerentes. É mesmo? Graça tem de afastar é a si mesma! Isto, Graça: dê-se um bilhete azul!

Longe de mim achar que gerentes na Petrobras não podem se envolver em grandes falcatruas. Até agora, quem se dispôs a devolver o maior volume de dinheiro é um… gerente! Pedro Barusco, subordinado ao petista Renato Duque, fez um acordo de delação premiada e aceitou ressarcir aos cofres públicos espantosos… US$ 97 milhões. Duque, o chefe, diz não ter feito nada de errado, e a gente deve supor, então, que, na hipótese virtuosa, a Petrobras é mesmo a casa-da-mãe-Joana. Um subordinado consegue roubar um quarto de bilhão de reais, e o chefe nem aí… Há coisas que a gente até se sente mal ao escrever porque nota claramente que estão tentando nos enganar. Mas volto ao ponto. Graça Foster, presidente da empresa, que deveria se demitir junto com toda a diretoria, escolheu por afastar os que estão em cargo de gerência nas áreas de Engenharia e Abastecimento, diretamente relacionados com as obras de Abreu e Lima e Comperj. Um dos afastados, segundo informa a Folha, é Glauco Colepicolo, gerente geral da Engenharia. Ele era o chefe de fiscalização da obra de Abreu e Lima, acompanhava a evolução da construção, autorizava pagamentos e avaliava pedidos de aditivos. É aquela refinaria que foi orçada em US$ 2,5 bilhões e que já está custando quase US$ 20 bilhões. Colepicolo seria ligado à turma de Duque. Francisco Pais, gerente-executivo de Abastecimento quando Paulo Roberto Costa era diretor da Área — e, até a semana passada, lotado na gerência geral de tecnologia do Centro de Pesquisa da Petrobras — também foi afastado. Que coisa, não é? Foi preciso que o escândalo chegasse às raias do absurdo, do impensável, do estupefaciente, para que essa gente decidisse tomar alguma providência, ainda que essas decisões pareçam, vamos ser claros, medidas para inglês ver. As denúncias são de agora? Há quanto tempo, procurem em arquivo, o preço de Abreu e Lima é alvo de reportagens e de espanto? Há quanto tempo os sinais de evidências na Petrobras são de uma espantosa clareza, embora nada se tenha feito? Ao contrário: os petistas repetiam o mantra de que os críticos seriam pessoas más, interessadas em privatizar a Petrobras, aquele templo sagrado da moral e da ética. Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: