sábado, 1 de novembro de 2014

Sem produzir e em recuperação judicial, MMX perde R$ 1,89 bilhões

Mergulhada em dificuldades financeiras e em recuperação judicial, a mineradora MMX, controlada por Eike Batista, anunciou prejuízo de R$ 1,89 bilhão no segundo trimestre. A perda bilionária reflete o reconhecimento de uma baixa de R$ 1,8 bilhão no valor dos ativos, que a empresa foi obrigada a fazer, além da queda no preço do minério de ferro, da ordem de 10% no segundo trimestre. O prejuízo não trouxe, ainda, os efeitos da interrupção da produção, que só ocorreu em setembro. O reconhecimento da perda contábil, chamado "impairment", é um ajuste necessário quando a empresa admite que determinado ativo tem projeção de receitas futuras menor do que o esperado ou, ainda, que seu valor potencial de venda é inferior ao valor registrado no balanço patrimonial. Uma vez reconhecida, a baixa precisa ser lançada no balanço. Traz, ainda, impacto financeiro, uma vez que aparece como despesa no trimestre em que é feita. Nos seis primeiros meses do ano, o prejuízo acumulado da MMX é de R$ 1,96 bilhão, ante perda de R$ 506 milhões no primeiro semestre de 2013. No segundo trimestre, enquanto ainda estava operacional, a MMX chegou a ter receita 21% maior, de R$ 141 milhões, ante R$ 116 milhões no trimestre anterior. No ano, a receita acumulada, de R$ 257 milhões, é 49,8% abaixo dos R$ 512 milhões obtidos no primeiro semestre de 2013. Em decorrência da menor demanda, o preço mundial do minério de ferro saiu do patamar de US$ 120,00 ao fim do primeiro trimestre, para US$ 91,00 em maio, observa a empresa. Hoje, a cotação está pouco acima de US$ 80,00 o pior patamar desde o período de crise, em 2009. Tal cotação torna inviável a extração do minério em projetos de maior custo, como o caso da MMX, mas afeta também as grandes mineradoras: na quinta-feira, a Vale anunciou prejuízo de R$ 3,4 bilhões, principalmente em decorrência da queda dos preços. Em setembro, a MMX decidiu interromper a produção porque tornou-se inviável financeiramente para a empresa extrair minério e vender. A mineradora também alega problemas com licenciamentos ambientais. Diante da complicada situação financeira, restou à MMX entrar com pedido de recuperação judicial em 16 de outubro, o que foi aceito pela Justiça mineira no dia 22. A mineradora é a terceira empresa de Eike Batista a entrar em recuperação desde o ano passado, depois da Ogpar (ex-OGX) e do estaleiro OSX. Com a realização do "impairment", a MMX passou a ter patrimônio líquido negativo em R$ 563 milhões. Para Eric Barreto, professor do Insper e sócio da M2M Escola de Negócios, ao dar baixa nos ativos e passar a ter patrimônio líquido, a situação da MMX pode ser considerada de insolvência, uma vez que a empresa tem mais dívidas do que ativos. Sérgio Bermudes, advogado de Eike Batista, nega que a situação da empresa seja de insolvência. "Para avaliar insolvência, é necessário considerar outros aspectos, como perspectivas negociais e operacionais. A empresa apresentou seu plano de recuperação judicial e, por isso, todas as contestações de dívida ficam suspensas. Juridicamente, essa baixa de ativo não tem significado", disse.

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