sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ações da Petrobras despencaram mais 6,6% e a bolsa fechou a pior semana desde 2012

A forte aversão ao risco no Exterior agravada pela derrocada das ações da Petrobras levou o principal índice da Bolsa brasileira a fechar em queda de mais de 3% nesta sexta-feira (12), na sua pior semana desde maio de 2012. O desempenho também refletiu a alta do dólar, que chegou a operar acima de R$ 2,67 no dia, mas amenizou o avanço durante a tarde, diante de atuações do Banco Central. Mesmo assim, a moeda americana renovou seu maior valor em mais de nove anos. O Ibovespa perdeu 3,73% no dia, para 48.001 pontos –menor nível desde 26 de março, quando atingiu 47.965 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,541 bilhões. Na semana, o índice recuou 7,68%. É o pior desempenho semanal desde o período entre 14 e 18 de maio de 2012. Apenas em dezembro, a desvalorização chega a 12,28%. Boa parte da perda é refletida nas ações da Petrobras, que caíram pelo quinto dia nesta sexta-feira após o jornal Valor Econômico revelar que uma gerente da companhia advertiu a atual diretoria de uma série de irregularidades em contratos da empresa muito antes do início da Operação Lava Jato. Partidos de oposição se manifestaram a favor da demissão da presidente da empresa, a petista Graça Foster. As ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, fecharam o dia valendo R$ 10,11 cada uma, após caírem 6,56%. É o menor preço dos papéis desde 11 de agosto de 2004, quando custavam R$ 10,09. Já os papéis ordinários da petroleira, com direito a voto, cederam 5,78%, para R$ 9,46 – mais baixa cotação desde os R$ 9,27 registrados em 8 de dezembro de 2003. "Uma possível troca da diretoria toda da Petrobras daria um pouco mais de credibilidade à empresa, com certeza. Mas os problemas da companhia não seriam resolvidos só com isso", disse Filipe Machado, analista da Geral Investimentos. "Sobre o balanço, não tem como acreditar em números não auditados, especialmente quando a empresa está no meio de uma crise de credibilidade", diz Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho: "Há muita influência política dentro da Petrobras. O caso denunciado pelo 'Valor' hoje apenas corroborou isso". O economista acredita que o rating da Petrobras está sob ameaça de ser rebaixado e que isso gera cautela sobre a nota de risco do País: "Geralmente, a nota da empresa espelha o rating do País, se ela cai, aumenta ainda mais a chance de corte na avaliação do Brasil, o que só vai piorar o cenário". Para Machado, a Bolsa também foi afetada pelo menor número de estrangeiros no mercado de ações nacional, afugentados pela insistente desvalorização nos preços das commodities – em especial do petróleo, que renovou seu menor valor em cinco anos e meio nesta sexta-feira.

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