terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Delator do Petrolão diz no Congresso Nacional: "O que acontecia na Petrobras, acontece no Brasil inteiro"


Paulo Roberto Costa, delator do maior esquema de desvios da história brasileira, afirmou nesta terça-feira durante sessão da CPI mista da Petrobras no Congresso que o enredo de corrupção e pagamento de propina descoberto pela Polícia Federal na estatal petroleira também ocorre em outras empresas públicas. "Passeis seis meses preso na carceragem de Curitiba, até que resolvi fazer a delação de tudo que acontecia na Petrobras. E não só lá: isso acontece no Brasil inteiro, nas rodovias, nas ferrovias, nos portos e nas hidrelétricas. É só pesquisar o que acontece", afirmou. Ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa foi convocado para uma acareação com o também ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, responsável pela área internacional da empresa. Paulo Roberto Costa confirmou que assumiu o posto na Petrobras por indicação política – ele foi nomeado a pedido do Partido Progressista. Ao iniciar a fala, ele afirmou que era um sonho ocupar uma diretoria da Petrobras "e, quem sabe, a presidência da companhia", mas ressaltou que para chegar ao cargo era necessário ter apoio político. "Infelizmente, porque eu estou sofrendo e me arrependo, aceitei uma indicação política para a Diretoria de Abastecimento. Estou extremamente arrependido. Aceitei esse cargo e esse cargo me deixou aqui onde estou hoje. Se pudesse, não teria feito isso", afirmou. Paulo Roberto Costa entrou na Petrobras em 1977 por meio de concurso público e assumiu a diretoria depois de 27 anos de trabalho na estatal. Aos parlamentares, Paulo Roberto Costa disse que prestou 80 depoimentos "exaustivos" à Polícia Federal no inquérito da Operação Lava Jato. "Tudo o que eu falei, confirmo", afirmou. O ex-diretor fez questão de dizer que aceitou o acordo de delação premiada a pedido de familiares, e não por orientação de advogados. Confessou arrependimento por operar o esquema de propina: "Quem me convenceu a fazer a delação foi minha família, minha esposa, minhas filhas, meus genros e meus netos. Eles me perguntaram, por que só você vai pagar? E os outros? Isso tudo, para tornar minha alma um pouco mais leve, mais pura, me levou a fazer a delação". Paulo Roberto Costa também afirmou que "apresentou fatos" para comprovar o conteúdo de seus depoimentos: "Vários fatos foram apresentados e, os que não foram, eu coloquei quem poderia apresentar". Já o ex-diretor Nestor Cerveró negou saber de esquema de desvios na Petrobras. "Não vou mudar meu depoimento", disse. Com versões opostas dos dois ex-diretores, a acareação continua no Congresso.

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