quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Distribuidoras negociam com Aneel reajuste extraordinário da tarifa

As distribuidoras de energia iniciaram negociações com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para realizar um reajuste extraordinário da tarifa de energia no início do ano que vem. O presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Leite, reuniu-se com o diretor-geral da agência, Romeu Rufino, nesta quinta-feira (18) para tratar do assunto. O objetivo é cobrir o deficit de cerca de R$ 3 bilhões gerado em 2014 no fundo do setor elétrico, a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), segundo informou o próprio Rufino na terça-feira (16). De acordo o diretor-geral da Aneel, o aumento adicional no preço da energia terá de ser analisado caso a caso, de acordo com a capacidade de cada elétrica de absorver os custos. As distribuidoras alegam que o reajuste extraordinário é necessário por conta do deficit de R$ 3 bilhões e de outros fatores que vêm pressionando os custos, como o reajuste da energia gerada por Itaipu. As empresas que contratam essa usina terão de pagar uma tarifa 46,14% mais alta a partir de janeiro, aumento autorizado também pela Aneel há uma semana. O percentual, segundo cálculos do setor, pode representar um gasto adicional de quase R$ 4 bilhões com a compra dessa energia. A revisão extraordinária não implicará em mudanças no calendário de reajuste das distribuidoras, que todo ano fazem a revisão da tarifa de energia. Leite admite que haverá um impacto inflacionário além do previsto, mas não é possível estimar de quanto. "No próximo ano, teremos a realidade tarifária. Iremos pagar parte da conta de 2014 e a de 2015. Em 2016, a segunda parte de 2014 e os gastos do ano. Em 2017, aí sim entraremos na rotina. Isso, claro, se o regime de chuvas ajudar", afirma Nelson Leite, da Abradee. Em 2013, por conta do maior uso de energia térmica, que é mais cara, o Tesouro Nacional colocou R$ 9,8 bilhões na CDE para socorrer o setor. Em janeiro de 2014, foi aportado mais R$ 1,2 bilhão. Em fevereiro, o governo articulou com bancos um empréstimo de R$ 17,8 bilhões para as distribuidoras, suficiente para cobrir os custos até outubro. Ficou faltando recursos para bancar o custo adicional da energia, cerca de R$ 3 bilhões, nos meses de novembro e dezembro. Além do reajuste extraordinário, o sistema de bandeiras tarifárias deve ajudar a dar um alívio ao caixa das distribuidoras. A partir de janeiro, a tarifa de luz irá flutuar de acordo com a situação dos reservatórios das hidrelétricas e o uso de usinas térmicas, que geram energia mais cara. O consumidor saberá ao final de cada mês qual bandeira valerá para os próximos 30 dias. A verde indicará que o sistema estará funcionando dentro da normalidade e que o preço da energia não será alterado. A amarela mostrará que as condições de geração estarão menos favoráveis e a tarifa do terá um acréscimo, no mês, de R$ 1,50 a cada 100 quilowatt-hora consumidos. A bandeira vermelha significará que as térmicas terão de ser ligadas em larga escala e o aumento do preço será de R$ 3 para cada 100 kWh. Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o consumo médio de uma família no País é de 150 kWh. Ou seja, no cenário de bandeira vermelha, o aumento na conta no final do mês seria, em média, de R$ 4,50. Ao longo deste ano, as bandeiras ficaram vermelhas praticamente todo o ano para todas as regiões do País. Em janeiro de 2015, o mais provável é que o cenário se repita, segundo Romeu Donizete, diretor-geral da Aneel. A estimativa da agência é que, com bandeira vermelha, a arrecadação seja turbinada em cerca de R$ 800 milhões por mês.

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