terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ex-presidente do PP levava valores de doleiro, afirma laranja

O sócio e laranja do doleiro Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre em Brasília, Ediel Viana da Silva, confirmou em depoimento à Justiça Federal, em Curitiba, na última sexta-feira, 28, que o ex-deputado Pedro Corrêa, que foi presidente do PP, “levou valores” enviados pelo doleiro Alberto Youssef, nas vezes em que esteve no local. Os valores teriam sido sacados entre 2005 e 2006, período em que Corrêa foi réu e condenado no processo do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal. “Teve uma época que, inclusive, esse senhor, não sei se está solto ou preso, é um deputado do PP, o Pedro Corrêa. Ele esteve algumas vezes no posto e levou alguns valores que o Youssef mandou, ele pegou valores da conta do Youssef no posto”, afirmou Ediel da Silva. O Posto da Torre era uma espécie de caixa eletrônico da propina na capital federal, onde o doleiro movimentava dinheiro e políticos alvos da Operação Lava Jato foram sacar dinheiro. “Os valores entravam e saíam e não tinha tanto controle, mas ele (Pedro Corrêa) passou algumas vezes em 2005 e 2006 e levou alguns valores pela conta do Youssef”, declarou Ediel Silva ao ser perguntado pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, sobre quanto o então parlamentar teria retirado no Posto da Torre. Réu confesso e tentando colaborar com a Justiça, o “laranja” do doleiro Chater explicou como operava o Posto da Torre, em Brasília – uma espécie de caixa eletrônico de dinheiro não-declarado, onde políticos foram sacar dinheiro de propina. “Chegava o dinheiro como TED e depósito na conta do posto e o dinheiro saía em forma de valor, em cash”, revelou o acusado. Questionado sobre quem retirava os valores, ele apontou um dos contadores de Youssef, Lucas Pacce (alvo também da Lava Jato). “Quem ia buscar era o Lucas, que era o mensageiro do Youssef e que ia muito no posto. Teve até alguns depósitos bancários em dinheiro mesmo lá em São Paulo. Em Brasília, o senhor Carlos (Habib Chater) entregava para o contador que era o seu Lucas”, explicou. O juiz quis mais detalhes sobre a operação bancária do câmbio negro: “O dinheiro entrava no Money (sistema informal de contabilidade do Posto da Torre) como saída de devolução". O juiz Sérgio Moro perguntou, então, quanto tempo levava entre o depósito e a entrega dos valores em dinheiro em Brasília. “Depende do caixa do posto, dois ou três dias se tivesse mais tranquilo, se tivesse mais apertado duas ou três semanas. Sempre em dinheiro vivo”, respondeu Ediel Silva. Apesar de dizer não se lembrar exatamente o valor retirado por Pedro Corrêa, Ediel Viana Silva disse que tinha em seu nome uma empresa, a Angel, que era usada para movimentar dinheiro do posto e que, algumas vezes, passou pela conta dinheiro de “terceiros”. “Houve nesse tempo uma passagem de 225 mil (reais) que entrou e saiu e que foi direto para o posto e teve outra de 100 mil (reais) que vinha de terceiros. Houve umas quatro ou cinco passagens de terceiros como essas”, explicou o réu. Buscando colaborar com a Justiça, Ediel foi advertido no começo do depoimento de que nessa condição não poderia apontar falsamente terceiros e fatos, sob o risco de ser processado por isso também. 

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