sábado, 13 de dezembro de 2014

Executiva e geóloga que alertou a direção da Petrobras sobre o Petrolão foi a principal assessora de Paulo Roberto Costa durante quatro anos



A geóloga Venina Velosa da Fonseca foi, durante muitos anos, considerada braço direito do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Na condição de gerente executiva da diretoria dele, ela era, na prática, a pessoa mais importante depois de Costa. Podia até substituir interinamente o chefe, e participava de praticamente todas as reuniões com fornecedores. Tinha, portanto, um ponto de vista privilegiado do que se passava na Diretoria de Abastecimento. Venina foi gerente executiva da área corporativa do Abastecimento entre 2005 e 2009, período em que foram superfaturados parte dos contratos com empreiteiras investigados na Operação Lava-Jato para a construção de projetos como a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Entre março de 2008 e julho de 2009, ela também foi integrante do conselho de administração da refinaria, que era presidido por Costa. "Só ocupa esse cargo quem tem a confiança do diretor e um bom pistolão político", diz um executivo da Petrobras que pede para não se identificar. Geóloga formada pela Universidade Federal de Ouro Preto, Venina é mais conhecida como ocupante de cargos executivos do que técnicos na Petrobras. Concursada, ela ingressou na estatal em 1990 como geóloga no Distrito de Exploração e Produção da Amazônia. Logo assumiu cargos de gerência na área de meio ambiente e segurança. Em 1999, no governo Fernando Henrique, ela passou a atuar na área de gestão da Diretoria de Gás e Energia, onde começou a trabalhar com Paulo Roberto Costa, na época gerente geral de Logística. Com a posse de Lula, Paulo Roberto Costa virou diretor de Abastecimento e, em 2005, levou Venina para ser sua principal auxiliar. Executivos da Petrobras que trabalharam com Venina se surpreenderam ontem com as denúncias dela. Como assinava tudo junto com Paulo Roberto Costa, ela era vista como alguém alinhada ao grupo dele. Segundo outro executivo da Petrobras que pediu para não se identificar, Venina de fato teve uma briga com Paulo Roberto Costa em 2009. Nessa época, ela teria sofrido as ameaças que relatou. Afastada da gerência executiva do Abastecimento, a geóloga foi enviada para o posto em Cingapura, em fevereiro de 2010. No mês passado, perdeu o cargo de diretora presidente da subsidiária da Petrobras em Cingapura como resultado da investigação de comissão interna sobre os contratos da Refinaria Abreu e Lima. No prédio em que mora, no Flamengo, a informação é de que ela ainda está em Cingapura e mantém o apartamento fechado. "Venina sempre foi vista como ligada a Costa, mas isso não é suficiente para desqualificar o que ela diz. Ela realmente estava muito próxima de tudo o que aconteceu", diz esse executivo. Na Petrobras, Venina é descrita como uma executiva ágil, discreta e “boa cumpridora de ordens”. Ela também seria muito hábil para lidar com a ingerência política na estatal. No fim do governo Lula, quando Graça Foster era diretora de Gás e Energia sob as bênçãos da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Paulo Roberto Costa disputava com Graça a pretensão de substituir o então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Para uma fonte, Venina sabia que Graça tinha mais chances, e a procurou para tentar se desvincular do grupo de Paulo Roberto Costa. Mas não foi correspondida.

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