terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Jarbas Vasconcelos faz discurso de despedida no Senado

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) se despediu nesta segunda-feira do Senado com críticas ao PT e defendendo a necessidade da realização de uma reforma política. Ele assumirá, a partir do próximo ano, uma vaga na Câmara dos Deputados. Apesar de ser do PMDB, Jarbas sempre fez oposição aos governos petistas, tanto durante o segundo mandato do ex-presidente e alcaguete Lula (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações") quanto no primeiro de Dilma Rousseff. Em seu discurso, ele acusou o PT de abandonar a ética que pregava quando era oposição e de lançar mão de "todas as armas" para continuar no poder. A consequência disso, segundo ele, seria que os "escândalos de corrupção se multiplicaram, passando a fazer parte da paisagem cotidiana". O senador citou como exemplo os casos do Mensalão e as recentes denúncias envolvendo a Petrobras.  Jarbas Vasconcelos afirmou ainda que o País vive uma "crise sem precedentes" na economia e que o cenário atual se assemelha a de um "filme de terror", apesar de a propaganda governamental tentar demonstrar que estamos vivendo no "País das Maravilhas". "Este governo que aí está, da presidente Dilma Rousseff, não tem condições de implantar as mudanças que o Brasil precisa", disse. Para demonstrar que a pauta da reforma política não avançou, ele citou como exemplo o primeiro discurso que fez na Casa, em março 2007, que tratava justamente do tema. Na época, o pernambucano citou a necessidade de serem aprovadas novas regras para o sistema político, como o financiamento público das campanhas eleitorais e o fim das coligações proporcionais (no que estava e permanece rotundamente enganado). O peemedebista criticou, porém, a sugestão da presidente de fazer um plebiscito sobre o assunto e disse que a proposta de Dilma tem como objetivo implantar o "modelo bolivariano" já adotado por países como Venezuela, Equador e Bolívia. "Esse modelo começa justamente tentando esvaziar o poder da democracia representativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e, concomitantemente, busca coibir a liberdade de imprensa", afirmou. Depois de oito anos como senador, Jarbas Vasconcelos decidiu concorrer a uma vaga para a Câmara nas últimas eleições. Ele voltará à Casa depois de 30 anos, já que o último mandato que cumpriu como deputado foi entre 1983 e 1985. Em seu discurso de despedida na tribuna, ele disse que vai levar para a nova Casa as mesmas bandeiras que defendeu no Senado. Ou seja, vai continuar como dissidente do PMDB, fazendo oposição ao governo. Segundo ele, para manter essa postura dentro do seu partido foi preciso pagar um "elevado preço": "Mas não guarda mágoas". "Não abriria mão de minhas convicções para estar em sintonia com a prática do ''é dando que se recebe''", disse. Durante as eleições, Jarbas Vasconcelos apoiou a candidatura à Presidência de Eduardo Campos (PSB), de quem se aproximou em 2012 justamente com o objetivo de derrotar o PT na disputa pela prefeitura do Recife. Com a morte de Eduardo Campos, ele passou a apoiar Marina Silva. No segundo turno, subiu no palanque do tucano Aécio Neves.

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