terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Papa aponta os 15 pecados da Cúria

Foi com uma lista dos 15 pecados da Cúria de Roma que o papa Francisco dirigiu nesta segunda-feira, 22, sua mensagem de Natal aos cardeais que governam a Igreja. A severidade inédita do discurso do pontífice convidou o clero a fazer um “exame de consciência” a respeito das doenças, entre as quais o “Alzheimer espiritual” e a “esquizofrenia existencial” de que padeceriam religiosos e altos funcionários da Santa Sé. Sacudida por acusações de irregularidades no Banco do Vaticano, por escândalos sexuais e pelo vazamento de documentos secretos do papa Bento XVI, a Cúria romana passa por uma profunda reforma desde a eleição de Jorge Bergoglio como papa, em março de 2013.


A primeira parte da lista de doenças que afetariam o mais alto clero incluem - além do Alzheimer e da esquizofrenia - a crença em ser imortal ou indispensável, o trabalho em excesso, o endurecimento espiritual ou mental, o planificar demais, o trabalho sem coordenação e a rivalidade causada pela vaidade. A lista prossegue pelas doenças do terrorismo da fofoca, do endeusamento dos chefes, da indiferença em relação ao próximo, da cara de funeral com seu pessimismo e severidade, da doença dos círculos fechados e, por fim, por aquela da busca pelo prestígio, do exibicionismo. Pronunciado no salão Clementino, no Vaticano, o discurso surpreendeu. Francisco começou agradecendo a todos os cardeais e bispos pelos serviços prestados durante o ano. Em seguida, o papa disse que, como todo corpo humano, a Cúria sofria de “infidelidades” ao Evangelho e era ameaçada por “doenças” que se deve aprender a curar. Por 20 minutos, o papa enumerou as 15 enfermidades. O catálogo de falhas e vícios foi seguido pelo pedido de reflexão, penitência e confissão dentro do espírito natalino. O papa explicou que o “Alzheimer espiritual” era a patologia de quem se esquece “da história da Salvação, de sua história pessoal com o Senhor, do “primeiro amor”. “Se trata de um declínio progressivo da faculdade espiritual, o que, mais cedo ou mais tarde, causa grave deficiência.” Pouco depois, Francisco disse que a “esquizofrenia existencial” era a doença “daqueles que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica do medíocre e do progressivo vazio espiritual, que láureas ou títulos acadêmicos não podem preencher”. O tom do papa ficou mais áspero quando ele se referiu à cizânia e à fofoca: “Irmãos, guardemo-nos do terrorismo da intriga".

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