segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Ação da Petrobras atinge menor valor desde 2004, com tombo do petróleo

Envolvida em uma série de denúncias de corrupção que a impediram de divulgar seu balanço referente ao terceiro trimestre do ano passado, a Petrobras viu suas ações desabarem nesta segunda-feira (5) ao menor valor desde 2004, na esteira do tombo nos preços do petróleo no Exterior. O movimento da estatal pressionou o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, que fechou o dia com desvalorização de 2,05%, para 47.516 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,414 bilhões – acima do volume médio diário em janeiro, de R$ 5,221 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa. As ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, perderam 8,01%, para R$ 8,61 cada uma. É o menor valor desde 21 de maio de 2004, quando valiam R$ 8,40. Já os papéis ordinários da estatal, com direito a voto, encerraram o pregão em queda de 8,11%, para R$ 8,27 –preço mais baixo desde 30 de setembro de 2004, quando estava em R$ 8,23. No final do ano passado, essas ações já haviam atingido seus menores níveis em mais de dez anos. "No curto prazo, o que mais afeta as ações da Petrobras é o escândalo de corrupção dentro da empresa e seu impacto no balanço da companhia. Mas, no longo prazo, a cotação do petróleo prejudica bastante a petroleira. Dependendo do nível que o preço se estabilizar, pode até inviabilizar o pré-sal", disse Fernando Góes, analista da Clear Corretora. Para Góes, o nível mais baixo das commodities no Exterior "veio para ficar", e deve continuar pesando negativamente os mercados: "É um grande impulsionador de PIB para Estados Unidos, mas ruim para as economias emergentes bastante dependentes das commodities, como Rússia e Brasil". A avaliação de Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, é que a deterioração da crise grega, somada à queda do petróleo, traz um cenário negativo aos mercados de ações globais "pelo menos ao longo do primeiro trimestre" de 2015. Na cena interna, o mercado se atentou para a posse do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em seu primeiro discurso como titular da pasta, ele afirmou que possíveis ajustes em tributos serão considerados em sua gestão, para aumentar a poupança doméstica do País. "No geral, a fala de Levy aparentemente ajudou o mercado. Os bancos, que estavam caindo desde cedo, passaram a subir no meio da tarde, após o discurso do novo ministro", disse Góes. Para o analista, o mercado ainda pode digerir os nomes da equipe de Levy nos próximos pregões. Entre os bancos, o Itaú Unibanco fechou a segunda-feira em alta de 0,50%, para R$ 34,00 enquanto o papel preferencial do Bradesco avançou 0,15%, para R$ 34,35. Ambos chegaram a ter alta de mais de 1% ao longo do dia. Já o Banco do Brasil acompanhou a maioria dos papéis no Ibovespa e fechou em baixa de 2,08%, para R$ 22,18.

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