sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Agência de risco Fitch anuncia que irá rebaixar a nota de mais empreiteiras brasileiras

Mais construtoras brasileiras devem dar calote em compromissos financeiros e ter suas notas rebaixadas nos próximos meses, afirmou nesta sexta-feira (9) a agência internacional de classificação de risco Fitch. A agência destacou que tem ficado cada vez mais difícil às empresas do setor ter acesso a linhas de crédito e receber pagamentos por projetos executados. A Fitch disse ainda que a decisão da construtora OAS de não pagas obrigações financeiras na semana passada apesar de ter um caixa estimado em R$ 1 bilhão abriu um precedente ruim para as companhias de engenharia e construção do Brasil". A Fitch ressaltou que todas as construtoras brasileiras tiveram suas notas colocadas em perspectiva negativa em novembro do ano passado. Recentemente, a construtora OAS, investigada na operação Lava Jato da Polícia Federal, sofreu uma série de rebaixamentos por agências de classificação de risco. Na última quinta-feira (8), a S&P - que já tinha feito um corte da nota da empresa no último dia 5 – rebaixou a avaliação da empresa para D, que reflete alta probabilidade de "default" (calote). Na quarta-feira (7) foi a vez de a Fitch – que também já rebaixara a nota da OAS no dia 2– cortar a nota da empresa também para nível "D". A Moody's, outra agência de classificação de risco, também rebaixou notas da OAS no último dia 5.

Com dois calotes seguidos em apenas três dias, a empreiteira OAS já deixou de pagar R$ 117,8 milhões a investidores no Brasil e no exterior. A empresa entrou numa grave crise financeira depois que seu crédito secou por causa da Operação Lava Jato. Na última segunda-feira (5), a OAS não pagou R$ 101,8 milhões em debêntures (títulos de dívida) que venceriam apenas em 2016, mas foram antecipadas por causa da crise da empresa. Outros R$ 16 milhões em juros de papéis no Exterior já não tinham sido honrados na sexta-feira (2). A empreiteira tem mais obrigações vencendo no final deste mês e em abril. A estratégia da empresa é não pagar bancos e investidores e preservar seu caixa para garantir o andamento de suas obras. A idéia é fazer isso enquanto tenta vender seus ativos para pagar dívidas. Após os calotes, três agências de classificação de risco já rebaixaram a empresa (Fitch, S&P e Moody's). Os bônus da OAS no Exterior, que já vinham sendo negociados com descontos característicos de empresas em "default", viraram pó e estavam cotados por apenas 10% do seu valor na segunda-feira. São autênticos micos. Por meio de nota, a empresa informou que "ambas as suspensões de pagamentos estão em linha com o anunciado plano de reestruturação de dívidas que será levado aos credores". A OAS contratou assessores para preparar um plano de renegociação de sua dívida de R$ 7,9 bilhões com credores. Metade dessa dívida está nas mãos de investidores estrangeiros. No Brasil, o maior credor é o Bradesco, com R$ 900 milhões. O plano, que deve ser apresentado nos próximos dias, está sendo preparado pela G5 Evercore, na área financeira, e pelos escritórios Mattos Filho e White & Case, no campo jurídico. Desde que a Operação Lava Jato ganhou corpo, a situação da OAS vem piorando a cada dia. Uma das empresas acusadas de subornar diretores da Petrobras para conseguir contratos, a empreiteira passou a receber com atraso não apenas da estatal, mas de outros órgãos do governo. Na semana passada, a Petrobras anunciou que não vai permitir a participação das 23 empresas investigadas na Lava Jato em novos projetos. Com o presidente José Adelmário Pinheiro Filho e os principais diretores na cadeia desde novembro, o dono da OAS, César Mata Pires, nomeou novos executivos. Elmar Varjão assumiu a presidência da OAS Engenharia e Fábio Yonamine a presidência da OAS Investimentos. O grupo, que surgiu na Bahia, tem a terceira maior construtora do País.

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