sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Conheça o grupo que treinou um dos terroristas islâmicos de Paris

Militantes da Al-Qaeda ouvem a condenação com penas de prisão que variam entre 4 a 10 anos, sob a acusação de formação de um grupo armado para realizar ataques contra militares, prédios do governo e os interesses estrangeiros, em Sanaã, no Iêmen
A Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), com sede no instável Iêmen, onde um dos dois suspeitos (Said Kouachi) do massacre do jornal Charlie Hebdo teria sido treinado, é, segundo os Estados Unidos, o braço mais ativo e perigoso da Al Qaeda. Nascido em janeiro de 2009 da fusão das facções saudita e iemenita da Al Qaeda, o grupo figura na lista de organizações terroristas de Washington, que prometeu 10 milhões de dólares (mais de 26 milhões de reais) por qualquer informação que conduza à localização de seu líder, o iemenita Naser al-Whaychi, e de outras sete pessoas da cúpula do grupo. Whaychi proclamou em julho de 2011 sua adesão a Ayman al-Zawahiri, novo chefe da Al Qaeda após a morte de Osama Bin Laden em um ataque das forças especiais americanas em maio de 2011, no Paquistão. A AQPA reivindicou nos últimos anos atentados importantes, tanto no Iêmen quanto no Exterior, incluindo uma tentativa de explodir um avião americano no dia de Natal de 2009. Além disso, o grupo convocou em várias ocasiões seus partidários a atacar a França, integrante da coalizão internacional que combate a organização terrorista Estado Islâmico (EI) no Iraque e envolvida na África contra os jihadistas. A revista da AQPA em inglês, chamada "Inspire", lançada com o objetivo de despertar vocações de lobo solitário no Exterior, convocou seus partidários a cometer atentados na França e colocou em 2013 o editor da Charlie Hebdo, Stéphane Charbonnier, em sua lista de pessoas que deveriam ser mortas. Mais conhecido como Charb, o editor e cartunista morreu no atentado de quarta-feira contra a sede da revista, junto com outras onze pessoas. Segundo um funcionário americano, Said Kouachi viajou ao Iêmen em 2011, onde foi formado no manejo das armas pesadas por membros da Al Qaeda, antes de voltar à França. A AQPA reivindicou vários atentados nos últimos anos. Em novembro de 2010, reivindicou a autoria do envio de pacotes-bomba aos Estados Unidos e a explosão de um avião de carga dois meses antes em Dubai. Em 2009, um suicida da AQPA quase matou o ministro saudita do Interior, Mohamed ben Nayef, detonando os explosivos que carregava em sua presença. Em território iemenita, o grupo extremista sunita realiza regularmente mortíferos ataques contra as forças de ordem. A AQPA aproveitou o enfraquecimento do governo, em 2011, após uma insurreição popular contra o ex-presidente Ali Abdullah Saleh, para reforçar seu poder no país, sobretudo no sul. O novo governo, liderado pelo presidente Abd Rabo Mansur Hadi realizou uma ofensiva militar em maio que os empurrou a zonas montanhosas de difícil acesso, ajudado pelos Estados Unidos, que enviou drones para bombardear regularmente o grupo. No fim de 2012, seu número dois, o saudita Said al-Shehri, morreu em um destes ataques. Em 2011, Anwar al-Aulaqi, um imã radical iemenita nascido nos Estados Unidos que chegou ao topo na hierarquia do AQPA, também foi abatido por um drone.

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